Passarinho contou que o vereador Alexandre Bastos (no PSB, mas de saída) e o vice-prefeito de Cachoeiro, Jonas Nogueira (PSL), andam conversando sobre o cenário pré-eleitoral.

É natural que os dois pré-candidatos a prefeito que têm alguma chance real contra o prefeito Victor Coelho (PSB) conversem bastante neste período. O momento é esse e o papo vai amadurecendo até março, data-limite para que Bastos decida em qual partido se filiará para disputar a prefeitura de Cachoeiro.

Atualmente o prefeito Victor Coelho corre com amplas chances eleitorais de se reeleger, haja vista um cenário com nomes modestos para enfrentá-lo. A chamada entressafra política que Cachoeiro experimenta deixa a disputa meio que favas contadas.

Porém, um quadro interessante possa ser a junção de Bastos e Nogueira, criando um FlaxFlu nas urnas, e obrigando outras possíveis pré-candidaturas mais fracas a migrarem para esse palanque ou para o palanque de Victor.

Mas é preciso admitir que hoje uma junção de Alexandre Bastos e Jonas Nogueira é coisa improvável se for considerado aquilo que chamamos de macropolítica. Explica-se.

Jonas entrou no PSL sob as bênçãos de Carlos Manato, homem forte do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) aqui no Espírito Santo. No acordo, nomes em potencial como Jathir Moreira e Welhington Calegari foram secundarizados no processo político/eleitoral justamente para fortalecê-lo. É que o bom desempenho eleitoral de Jonas nas eleições de 2018 acabou impulsionando seu nome.

Essa jogada de Manato em Cachoeiro visa tomar o poder aqui para fortalecer seu projeto em 2022. Seu projeto, a princípio, é chegar ao Palácio Anchieta, e noutro caso, ao Senado federal. Nesse contexto, a manutenção e o fortalecimento da pré-candidatura de Jonas Nogueira é algo essencial para o PSL no estado.

O que ganharia Manato ao queimar uma pré-candidatura aparentemente competitiva como de Jonas para apoiar um nome como Alexandre Bastos, que apesar de estar saindo do PSB não sai rompido com o governador Renato Casagrande (PSB)?

As relações de Bastos com Casagrande são e sempre serão íntimas. Ainda que hoje haja rusgas com o poder municipal cachoeirense, Bastos, Casagrande e PSB são muito mais próximos do que Bastos e Manato. E se Manato quer a vaga de Casagrande porque haveria de abrir mão de um nome puro-sangue para apoiar um que no futuro poderá estar muito mais próximo do seu concorrente?

Quanto a outra possibilidade, que seria Bastos abrir mão para Jonas, também me parece pouco provável. É que o vereador está anunciando aos quatro ventos a entrada em um novo partido para ser candidato a prefeito. Como está negociando seu nome para cabeça de chapa, supõe-se ser improvável o contrário disso. Ninguém é candidato a vice.

Em síntese, embora haja um campo favorável para unir Bastos e Jonas, fortalecendo um único palanque para derrotar Victor, e embora ambos estejam conversando sobre essa possibilidade, quando se olha com lupa o quadro pré-eleitoral e as costuras em nível estadual, verifica-se que esse sonho é muito improvável.

Para Manato, hoje o melhor caminho é sustentar e fortalecer o nome de Jonas Nogueira para a disputa. E mesmo que Bastos e Jonas se falem e se deem bem um com o outro, é sabido que projetos políticos maiores costumam não respeitar relações pessoais. Mesmo as melhores delas.

Por Ilauro de Oliveira