Com uma taxa de ocupação de 67,4% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para a covid 19, o Espírito Santo tem apresentado uma redução nas internações pela doença no mesmo patamar vivido entre julho e agosto. Entretanto, a preocupação das autoridades de saúde é que o comportamento da população, neste período de Carnaval, possa atrapalhar a tendência de queda.

A atual taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 no estado é a terceira menor desde o início da pandemia, superada apenas pelos meses de abril, com 62%, e setembro, que registrou 48,5% de ocupação. 

A queda nas internações, inclusive, foi sentida por quem está na linha de frente do combate à doença. O médico intensivista Cleberson Ovani comemora o pequeno alívio na rotina estressante de trabalho.

“Quanto mais paciente grave, maior a sobrecarga de toda a equipe, não só da equipe médica, mas a de enfermagem, fisioterapia, de todo tipo de assistência. É maior a carga hospitalar e até dos próprios familiares. Então é bem melhor trabalhar assim [com menos pacientes]”, destacou.

O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, reconheceu que a situação atual das internações no Espírito Santo é semelhante à vivida na segunda quinzena de julho e ao longo do mês de agosto. Ele afirma que, atualmente, a rede hospitalar tem capacidade plena de atendimento.

“De fato, há uma queda sustentada. O hospital Jayme Santos Neves hoje apresenta uma ocupação de 53% nas UTI’s. Nós estamos preparando e organizando a rede assistencial para poder garantir o acesso a todos os pacientes. Então hoje o Espírito Santo vive uma plena capacidade de acesso aos sistemas hospitalares de todo e qualquer paciente capixaba atingido pela covid-19”, ressaltou Nésio Fernandes, durante coletiva de imprensa, na manhã desta sexta-feira (12).

Manutenção da queda

Caso a tendência na redução de internações por covid-19 se mantiver, haverá menos gente doente, menos transmissão do vírus e também menos pessoas morrendo. Entretanto, para que isso realmente aconteça a médio e longo prazo, é muito importante que a população mantenha os protocolos de higiene e distanciamento social.

A médica infectologista Ana Carolina de Torres lembra que a situação atual é um reflexo de 14 dias atrás. A especialista mostra preocupação com o período de Carnaval, que, segundo ela, pode interferir nas estatísticas num futuro bem próximo.

“Pode dar uma falsa sensação de proteção. E a gente não pode perder o medo. A gente tem que se manter atento. A gente está perto do fim da pandemia, mas se não conseguirmos manter as medidas, a gente pode retroceder, e todo o nosso esforço até agora ter sido em vão. A gente vai ter muitos carnavais ainda pela frente. Então, neste Carnaval, a gente precisa ficar em casa, evitar aglomeração e manter o uso da máscara para prevenir a covid”, frisou.

O secretário de Saúde gravou um vídeo, nesta sexta-feira, no qual também alerta a população para a importância de se manter o distanciamento social, e as demais medidas de prevenção contra a covid-19, durante o Carnaval.

“Desde o dia 25 de janeiro, estamos apresentando uma queda sustentada do número de pacientes graves internados nas UTI’s públicas e privadas do nosso estado. Ainda temos muitos pacientes internados e doença ainda não está controlada. Qualquer tipo de manifestação que leve à aglomeração, à desobediência civil, poderá interromper esta queda. Por isso, nesses dias de Carnaval, é importante que a gente faça essas celebrações de maneira diferente: em casa, com o familiar mais íntimo, denunciando e combatendo qualquer tipo de aglomeração indevida e expressão de desobediência civil que possa levar com que essa queda de casos graves, internações e óbitos possa ser interrompida ao longo do mês de fevereiro”, destacou Nésio Fernandes.

“Quero pedir à toda a população que colabore com o governo do Estado, com todas as medidas de etiqueta respiratória, de higiene das mãos, das superfícies, da não aglomeração, evitar o consumo de álcool coletivo, para que a gente, de fato, consiga, ao longo do mês de fevereiro, dar um novo exemplo ao país, e conseguir controlar a doença no nosso estado”, completou.

Durante pronunciamento no final da tarde desta sexta-feira, o governador Renato Casagrande também fez um apelo para que a população respeite as normas sanitárias durante os próximos dias. “Nós sabemos que o Carnaval deste ano terá que ser diferente. Precisamos ter muito juízo antes do Carnaval. Tem uma música que diz que ‘depois do Carnaval, eu vou tomar juízo’. Mas agora não. Agora é juízo antes do Carnaval”, afirmou.

“Nós conseguimos reduzir o índice de transmissão no estado do Espírito Santo, nessas últimas semanas. Então é preciso que a gente continue reduzindo, para a gente reduzir óbito e reduzir demanda de leitos nos hospitais. Então é muito importante que esse Carnaval seja diferente dos outros”, acrescentou.