Os registros de intolerância religiosa são comuns Brasil a fora. Só em 2018 foram registradas 506 denúncias no Disque 100. No entanto, quando se fala em Espirito Santo, o Estado não passa despercebido.
Também em 2018 foram registradas, em terras capixabas, oito denúncias no Disque 100, que representa um aumento de 60% comparado com dados de 2017.
Os números são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), com base em dados atualizados em 01 de julho de 2019, com informações até o 2º semestre de 2018.
Vale ressaltar que, em 2014 o Espirito Santo chegou a não ter nenhum registro de denúncias no Disque 100. Porém, de quatro anos para cá o número de denúncias cresce, variando de cinco a oito denúncias.
De acordo com a secretária do Estado de Direitos Humanos, Nara Borgo, esse aumento não foi só no Estado mas sim em todo o pais, como mostram os dados do Disque 100. “A gente vive em um momento em que as pessoa estão menos pacientes e mais intolerantes. Todas as pessoas são iguais e merecem respeito”, ressaltou Nara.
Os dados ainda apontam que entre os locais de maior violação, no Estado, está a casa da vítima, com quatro das oito denúncias. Além disso, no ranking do número de denúncias por 100 mil habitante o Espirito Santo sai da 13º em 2017 (0,14) para o 3º em 2018 (0,23).
Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Espirito Santo (Ufes), Marcelo Barreira pontua que infelizmente hoje não temos uma cultura de conviver com o indiferente, se tornando uma ameaça da interpretação do mundo de uma maneira geral.
“Na esfera do religioso isso abaixa a capacidade de viver com a democracia. E uma grande parte da sociedade capixaba é intolerante por ver em grupos de matriz africana, por exemplo, uma ameaça”, assinalou.
Barreira ainda analise e enxerga, como cidadão, que o problema do Estado por meio de conselhos de direitos humanos deveria ter um trabalho mais efetivo.
“Há um peso politico forte. Temos que deixar claro que uma minoria bem organizada, geralmente fundamentalista ligada às igrejas pentecostais, é bastante barulhenta e os cristãos são bastante intolerantes no sentido de que não chegam a ser ostensivamente violentos, como os grupos fundamentalistas fazem. Tende a ter uma preocupação da proteção física, mas deveria mesmo ter na educação em direitos humanos que participa de uma cultura democrática, que não temos tido ultimamente”, disse.