O governador Renato Casagrande (PSB) anunciou, no início da tarde desta segunda-feira (18), a troca do comando-geral da Polícia Militar. O anúncio feito em rede social e site institucional indica o coronel Márcio Eugênio Sartório como o novo comandante-geral da PMES. Ele assume no lugar do coronel Leonardo Barreto, que, segundo o governo, deixa a função para tratamento de saúde. 

Sartório, até então, era comandante do Policiamento Ostensivo Metropolitano e também membro de entidade de classe dos oficiais, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar (Assomes). O coronel Marcos Aurélio Capita, presidente da Associação e também membro de uma frente unificada que tem reunido policiais militares e civis no pleito de reajuste salarial, considera que a troca de comando não altera o relacionamento das entidades de classe com o Comando-geral, uma vez que o pleito por valorização é de todas as patentes, do soldado ao coronel. 

Já o deputado estadual capitão Assumção (PSL) ressaltou que a possível troca de comando já era comentado em redes sociais que agregam militares. O parlamentar ressaltou que o Governo poderia ter levado o assunto à Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa, como uma forma de que nomes pudessem ser apreciados em conjunto. Assumção afirmou ainda que havia um grande clima de insatisfação com o comando-geral anterior também em função da lei de promoções aprovada na Casa de Leis este ano, que, segundo ele, tem prejudicado os praças. 

O novo comandante-geral terá, por sua vez, o desafio de conter essa intensa insatisfação interna da tropa, sobretudo dos praças, também motivada pela pior remuneração do País. Desde o movimento de 2017, os pedido de baixas têm aumentado, a maioria de soldados que deixam a corporação em busca de carreiras mais atrativas. Dados da Associação de Cabos e Soldados do Estado (ACS-ES) apontam que, neste ano, de janeiro a outubro, já foram 28 pedidos, com um indeferimento, além de uma deserção.

Os militares continuam em negociação com o Estado para que haja reajuste dos salários e citam a boa situação fiscal do Estado, que tem nota A em classificação junto ao Tesouro nacional. Os PM’s exemplificam que outros estados, com situação fiscal bem pior, têm dado reajuste, como o Rio Grande do Norte (23%), Minas Gerais, que tem proposta de 28% de aumento para os policiais e bombeiros; Distrito Federal, com 37% anunciado no início deste ano; Rio de Janeiro, com 8% para toda segurança pública e aumento de 45% das gratificações extraordinárias, além de Alagoas (reajuste de 12% para policiais e bombeiros) e Amazonas (14,74% para policiais e bombeiros). 

De acordo com dados divulgados pela Frente, nos últimos anos (2014/2019), enquanto a inflação acumula um índice de 35,53%, os salários dos policiais tiveram reajuste de apenas 5%, tornando praticamente impossível arcar com compromissos básicos sem recorrer a endividamento constante, o que compromete até a integridade dos policiais no exercício de suas atribuições. 

O fantasma de fevereiro de 2017, quando a Polícia Militar do Espírito Santo realizou uma paralisação de 21 dias, volta também a assombrar. No início deste mês, circulou nas redes sociais um texto, seguido de uma espécie de infográfico, que explica os motivos de um novo movimento paredista, que estaria marcado para este mês. Entre os argumentos estão a remuneração, apontada como a pior do País, apesar do reajuste anunciado de 3,29%; a falta de estrutura e viaturas sem manutenção; tropa doente com a falta de efetivo; e também a aumento da alíquota para aposentadoria de 11% para 15%. 

Em tom alarmista, as mensagens pediam que a população estocasse comida e água para que não seja pega de surpresa e que não saísse às ruas. Dizia ainda que o movimento é exclusivo de soldados, cabos e sargentos. A Associação dos Cabos e Soldados (ACS) ressaltou, porém, que o texto não é oficial, não partiu da associação nem de qualquer outra, e sequer é assinado, ou seja, não tem uma autoria identificada, podendo até ser classificado como uma fake news.