O engenheiro metalúrgico capixaba Luiz Felippe Teles Ribeiro, de 37 anos, que é natural de Marataízes, mas mora em Guarapari, é uma das oito pessoas que foram intoxicadas pela substância dietilenoglicol, que foi encontrada em um lote da cerveja Belorizontina. Ele está internado em estado grave num hospital de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e corre risco de morte.
Uma das vítimas da intoxicação causada por esta substância encontrada na cerveja, foi o sogro de Luiz Felippe, o bancário Paschoal Demartini Filho, de 55 anos, que foi contaminado e morreu no dia 07 de janeiro vítima das complicações causadas pela dietilenoglicol.
Familiares do capixaba informaram que a respiração de Felippe está muito lenta, mas seu quadro é estável. A família está sensibilizada com uma corrente de apoio que recebe amigos.
O engenheiro capixaba nasceu em Marataízes, no Sul do Espírito Santo, mas viveu por muitos anos em Guarapari. Ele é funcionário da Arcelor Mittal Brasil e trabalhou em São Paulo, Goiânia e desde fevereiro de 2019 foi transferido pela empresa para Belo Horizonte, onde mora com a esposa.
Assim que a notícia sobre a contaminação em um lote da cerveja Belorizontina se espalhou, supermercados do Espírito Santo que comercializavam o produto o retiraram de suas prateleiras. A Rede Carone, que tem lojas na Grande Vitória foi o primeiro a retirar a cerveja, e foi seguido pelo Perim, em Cachoeiro de Itapemirim, que também não disponibiliza mais a marca da cerveja.
A substância dietilenoglicol é utilizada no processo de refrigeração na indústria de cerveja. A Polícia Civil de Minas Gerais identificou o produto em dois lotes da cerveja Belorizontina, mas ainda não se afirmar que a contaminação se deu dentro da fábrica da cerveja. O caso segue sendo investigado. Outras seis pessoas ainda estão internadas em hospitais de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
O que é o dietilenoglicol?
O dietilenoglicol (DEG) é uma substância de cor clara, viscosa, não tem cheiro e tem um gosto adocicado. A fórmula química é C4H10O3. Ela é anticongelante e de uso bastante comum na indústria.
A ingestão pode provocar intoxicação com sintomas como insuficiência renal e problemas neurológicos.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a substância é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática, podendo inclusive levar a morte quando ingerido.
A intoxicação por DEG pode ocorrer quando ele é usado de forma inapropriada em preparações químicas, substituindo outros produtos não tóxicos para o ser humano. Desde 1937, foram registradas dezenas de casos de intoxicação em diferentes países.
Quais as utilizações do dietilenoglicol?
É muito usado como solvente para produtos químicos e drogas que não dissolvem em água.
Na fabricação de cerveja, pode ser usado no processo de resfriamento da bebida.
Pode ser usado na indústria farmacêutica.
É frequente na produção de cosméticos, lubrificantes, combustíveis para aquecimento e plastificantes.
É comum o uso da substância na produção de cerveja
Segundo Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), o uso do dietilenoglicol é muito raro em cervejarias. “Normalmente, as cervejarias usam álcool puro, sem nenhum tipo de conservante ou agente químico, misturado com água, numa proporção de 30%, para refrigeração dos tanques”, explica.
Além de dizer que é raro o uso na indústria cervejeira, Lapolli afirma que o nível de toxicidade da substância não é alto. “Precisaria ser consumida uma quantidade muito grande para que haja o efeito visto em Minas Gerais. É preciso aprofundar a investigação é ver se as causas são mesmo essas”, comenta.
A refrigeração dos tanques de cerveja é feita por meio de um circuito fechado. O álcool com água gelada vai passando por tubos chamados de “serpentina” ao redor do tanque de cerveja. “Ela não tem contato direto com a cerveja”, afirma.
Lapolli acrescenta que a substância mais utilizada na produção de cerveja é o propilenoglicol, que pode ser consumido por seres humanos.
“Também é usado misturado com água. Para a cerveja chegar perto da temperatura zero, precisamos que a serpentina esteja a -5ºC ou -6ºC. Com a água pura, ela congelaria, por isso colocamos algum tipo de aditivo, um anticongelante”, conta.
Com informações do portal Da Hora ES.