Número ultrapassa os 59 óbitos registrados no dia 22 de junho de 2020, considerado até o momento como o pior da pandemia

Um triste recorde: 72 mortes por covid-19 registradas nas últimas 24 horas no Espírito Santo. O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, iniciou a coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (23), atualizando os dados da pandemia apontando a trágica estatística. O número de mortes não é apenas o maior do ano de 2021. É considerado recorde porque ultrapassa também o do pior dia da pandemia, pois superou o dia 22 de junho de 2020, quando foram registradas 59 mortes em 24 horas. Visivelmente emocionado, Fernandes repetiu o que é considerado o mantra dos profissionais da saúde desde o início da pandemia: “Fiquem em casa!”

Confira o que disse o secretário Nésio Fernandes: 

Recorde de óbitos: 72 mortes em 24 horas

Quero muito tristemente comunicar que o Estado do Espírito Santo registrará 72 óbitos documentados pela covid-19 informados nas últimas 24 horas. Eu reitero o apelo acumulado de mais de 12 meses de pandemia para que as pessoas fiquem em casa e entendam a gravidade do momento em que a gente vive no Espírito Santo e no Brasil. ]

“Fiquem em casa!”

Nós adotamos ao longo desse ano uma estratégia de resistência, de abertura de leitos para evitar que o sistema de saúde colapsasse. No entanto, estamos chegando no momento crítico aonde nos obriga a adotar estratégias duras de distanciamento social, de uma quarentena em 78 municípios no Estado. Mas essa quarentena precisa funcionar, precisa ser respeitada. As pessoas precisam se sensibilizarem com as perdas. E eu digo a vocês que nós, trabalhadores da Saúde, estamos repetindo diariamente, o tempo todo, as medidas que de fato funcionam para proteger a vida das pessoas. Nesses dias que restam da quarentena, faço um apelo: “Fiquem em casa!”. 

Variante inglesa

Não serão esses dias que restam da quarentena que farão você perder o seu condicionamento físico, ter prejuízo na sua saúde porque não pode ir ao calçadão ou à praia, beira-mar, praça, qualquer lugar. Fique em casa! Existe a possibilidade muito grande de que a variante inglesa seja predominante no Espírito Santo. Essa variante obriga que todos percebam o risco incrementado, resultando numa mortalidade maior do que as outras cepas. Ela tem uma transmissibilidade maior também.

 Aviso a quem nega a doença

Quem até hoje negou a doença precisa entender que ela é real! Você que nos acompanha, que tenha dúvidas ainda, saiba que 72 pessoas evoluíram a óbito nos últimos dias e foram registrados nas últimas 24 horas. Nós não queremos que mais pessoas morram! Para isso é preciso que se interrompa a cadeia de transmissão da doença. 

Ocupação de leitos x crescimento da pandemia

Nós estamos mantendo a ocupação hospitalar em 93% e 94% na finalização do censo. A ocupação deve cair um pouco por conta da ampliação de leitos de UTI e de enfermaria que estamos operando na rede pública. No entanto, a análise que deve preocupar as pessoas não é a quantitativa mas a análise qualitativa, do momento que a gente vive agora, de uma ampla força de crescimento e de velocidade de aceleração da curva de casos. Não deve ser o 92,93, 98 ou 100% de ocupação que deve preocupar as pessoas agora. Mas o momento que a gente vive. Não será um número que irá modificar o que você deve fazer ou deixar de fazer mas reconhecer que, no Espírito Santo, bem como no Brasil, vive um momento muito infeliz da transmissão da doença. Então, faço um apelo às pessoas para que fiquem em casa!  

Casos entre jovens

Os jovens e adolescentes, entre 10 e 19 anos, já ultrapassaram a quantidade de casos observados nesta faixa etária na segunda onda. A internação hospitalar e os óbitos entre 40 e 49 anos também estão aumentando de maneira significativa. A pandemia que antes atingia o topo da pirâmide com características e evolução mais crítica com internação hospitalar, UTI e óbito está descendo para o corpo da pirâmide. E o corpo da pirâmide é você! O corpo da pirâmide não é uma estatística, é você!

Falta de oxigênio hospitalar

No Espírito Santo não temos riscos de falta de oxigênio por conta da produção dos mesmos. O risco que podemos correr está relacionado a capacidade das empresas que fornecem o gás e atender simultaneamente a rede pública (municipal, estadual e federal) e privada do Espírito Santo, caso todas tenham aumento do consumo e que exijam simultaneamente abastecimento de todas as unidades. Ainda no mês de dezembro, a Secretaria de Estado da Saúde passou a fazer levantamentos mais rotineiros. Fizemos reuniões com as quatro maiores empresas fornecedores de gás medicinal e de oxigênio aqui do Estado.