Os militares devem ser o primeiro foco da CPI da Covid no Senado. Os generais Walter Braga Netto, ministro da Defesa, e Eduardo Pazuello, ex-titular da Saúde, estarão entre os alvos das investigações. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo. Segundo conversa gravada pelo senador Jorge Kajuru (GO), Jair Bolsonaro queria mudar os rumos da Comissão Parlamentar de Inquérito para perseguir governadores e prefeitos, mas, agora o governo vê uma de suas principais bases de sustentação, a ala militar, algo das investigações.
A convocação de Pazuello já era certa. Braga Netto será ouvido, pois, de acordo com relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), foram identificadas “graves omissões” do atual ministro no combate à pandemia da Covid-19.
Senador Humberto Costa (PT-PE), que também integra a comissão, afirmou não ter dúvida de que a CPI vai pedir a “convocação de Braga Netto”. “Acompanhamos tudo dos relatórios do TCU, do MPF e denúncias. Vamos atrás de cada uma. O relatório do TCU é muito rico, vai ser uma base importante para os trabalhos”, complementou.
Com Pazuello na Saúde, o número de mortes por Covid no Brasil aumentou de 15 mil óbitos para 300 mil vítimas da pandemia e tornou-se uma ameaça global. Na quarta-feira passada (14), o TCU acusou o general de alterar o plano de contingência da Saúde na pandemia para livrar o governo federal de responsabilidades no monitoramento de estoques de remédios, insumos e testes. A obediência de Pazuello a Bolsonaro ficou evidente em outubro de 2020, quando cancelou uma compra de 46 milhões de doses da Coronavac.
Membro da CPI, o senador Otto Alencar (PSD-BA) destacou que as apurações não podem ficar restritas à conduta do ex-ministro Pazuello. “O Ministério da Saúde não é só Pazuello. Existe uma estrutura organizacional de cargos, com responsabilidades. Quando o Pazuello foi ao Senado, por exemplo, o secretário executivo dele (o coronel da reserva Elcio Franco) estava do lado”, disse.
Em janeiro, documentos públicos apontaram que Pazuello sabia do cenário crítico sobre o sistema de saúde em Manaus oito meses antes de ser constatada a falta de oxigênio em hospitais da capital amazonense.
De acordo com números da plataforma Worldometers, que disponibiliza dados globais da pandemia, o Brasil registrou, até esta segunda-feira (19), 13,9 milhões de casos do coronavírus, o terceiro maior número, atrás de Índia (15,0 milhões) e Estados Unidos (32,4 milhões).
O governo brasileiro registrou, até o momento, a segunda maior quantidade de mortes provocadas pela Covid-19 (373 mil). Nessa estatística os EUA também contabilizaram contingente mais alto (581 mil).