Certa vez ouvi de um colega de trabalho que não era cristão: “Jesus Cristo é ótimo, o que mata é seu fã clube”. Ele assim dizia que um dos principais motivos por não ser cristão era que alguns “cristãos”, que deveriam ser como outro Cristo, eram, na verdade, justamente o oposto e pareciam ter apagado completamente da memória o mandamento de amar o próximo como a si mesmo.
Ontem tivemos o desprazer de ver um exemplo claro do que essa pessoa falava.
A semana não havia chegado à metade quando o Brasil recebeu a notícia da morte do ator e humorista Paulo Gustavo. Houve uma comoção geral, pois partia um ícone muito importante para a cultura do país e, junto à comoção, houve também uma revolta, porque todos sabemos que várias mortes já poderiam ter sido evitadas caso o chefe do executivo nacional tivesse aceitado ofertas de vacinas de grandes laboratórios ainda em 2020.
Não bastasse todo esse cenário triste e que deveria inspirar compaixão para com os que sofrem, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Cachoeiro de Itapemirim, Jonathan Willian Moreira Correa, que se diz cristão, resolveu fazer o que pode ser considerada a pior declaração possível à memória de alguém que faleceu. Jonathan Willian comentou uma publicação em homenagem a Paulo Gustavo: “Que Satã o tenha com alegria”.
Depois de toda a repercussão negativa ao seu comentário, o sindicalista ainda tentou se justificar com base em textos bíblicos.
Eu, cristão, não sei qual bíblia esse senhor anda lendo ou qual interpretação faz do que lê, mas é certo que ele faz parte do fã clube ao qual meu antigo colega de trabalho se referiu anos atrás e que tanto afasta novas pessoas da verdadeira mensagem do Cristo.
A grandiosidade da falta de empatia e compaixão com quem precisa nesse momento é simplesmente inacreditável. E não há espaço para defender esse discurso como liberdade religiosa, porque, na verdade, está se usando a religião como instrumento para disseminar um ódio gratuito, algo completamente oposto ao que prega o Cristianismo.
Além de fiscal da sexualidade alheia, agora temos também o fiscal do juízo particular das almas, apontando já aqui o destino final de cada uma. Será que esse fiscal conhece o profundo do coração de cada pessoa como o próprio Cristo conhece? Isso é de uma falta de humildade sem tamanho, pois qualquer pessoa mais ou menos instruída na fé sabe que ninguém na Terra, nem o Papa, tem autoridade para dizer que alguém está no inferno! Cristo é o único Juiz e Senhor, e Sua Misericórdia é um atributo tão insondável, que deveríamos sentir profunda vergonha toda vez que pensamos em condenar alguém no íntimo do nosso coração.
Enfim, são tantos desdobramentos tristes da fala do sindicalista que nem seria possível elencá-los todos aqui.
O meu pedido é para que os que se dizem cristãos e agem como ele, coloquem a mão na consciência ou voltem a ler a Sagrada Escritura com a humildade que lhes é pedida.
Que o nosso querido Paulo Gustavo, que tanto nos alegrou com sua arte aqui neste mundo, seja acolhido NO CÉU, na glória eterna de Deus Pai, ainda alegrando as almas que lá estão!
Para finalizar, deixo aqui uma passagem que aparentemente foi arrancada da edição da Bíblia deste senhor, mas que está presente em Lucas 6:
“Se amais os que vos amam, que recompensa mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o mesmo fazem também os pecadores. Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e vos será dado. Será colocada em vosso regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também”. […] “Por que vês tu o cisco no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho? Ou como podes dizer a teu irmão: Deixa-me, irmão, tirar de teu olho o cisco, quando tu não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e depois enxergarás para tirar o cisco do olho de teu irmão.”