O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), encerrou a sessão, nesta quarta-feira (16/6), após pedido do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, com base no habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Witzel pediu para deixar a sessão, sem concluir o depoimento – que já durava mais de quatro horas. Minutos antes de acionar o habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, o ex-governador discutiu com o senador governista Jorginho Mello (PL-SC).

O parlamentar disse, entre outras coisas, que Witzel era “picareta” e “envergonhava a Justiça e a população brasileira”, mas não deixou o ex-governador se defender.

A decisão do ministro Nunes Marques garante a Witzel a possibilidade de optar por não comparecer ao depoimento. Caso comparecesse, ele poderia ficar em silêncio, não firmar compromisso de dizer a verdade e não poderia sofrer constrangimento.

“Ele [Witzel] acabou de me comunicar que quer se retirar da sessão, e a gente não pode fazer absolutamente nada”, disse o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM).

O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também pediu que o ex-governador preste um novo depoimento, reservadamente. Witzel se colocou à disposição.

Como esperado, Witzel usou o tempo em que prestou depoimento para atacar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o acusou de criar uma narrativa para fragilizar os chefes dos Executivos estaduais que adotaram medidas contra a Covid-19. Segundo o depoente, governadores e prefeitos ficaram desamparados pela administração federal.

O ex-governador se defendeu das acusações que o levaram ao impeachment e disse que foi perseguido após as investigações do caso Marielle Franco, vereadora do Rio morta a tiros em março de 2018, ao lado do motorista Anderson Gomes.

Ao deixar a sessão, Witzel afirmou a jornalistas que foi atacado por senadores integrantes do colegiado, com acusações “levianas e chulas”.

A saída repentina do depoente irritou senadores governistas, que miram a estratégia de investigar as ações dos governadores durante a pandemia.

“Falou o que quis, ouviu o que não quis. E, quando viu que o bicho ia pegar para o lado dele, correu”, disse o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que bateu boca com o ex-governador na sessão e foi chamado de “mimado”.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse que a saída de Witzel da sessão é um “episódio triste para aqueles que querem uma investigação”. “É uma CPI que não apura fatos e não busca evidências, é um esforço de uma tropa de choque para reforçar narrativas”, frisou.

A CPI da Covid tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com o desabastecimento de oxigênio hospitalar, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.