Presidente do PSDB disse que tucanos estão abertos a negociar com outro candidato; Para Araújo, ainda não há condições políticas no país para um impeachment
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse em entrevista que o PSDB ainda pode apoiar outro candidato à presidência da República em nome da unidade do centro. Questionado se sua sigla pode abrir mão da candidatura própria, afirmou que “ninguém pode querer apoio sem ter disposição de apoiar” e que os tucanos estão abertos a negociar “até o último momento das convenções”.
Por outro lado, Araújo aposta que as prévias, marcadas para novembro, podem ajudar a impulsionar o PSDB na disputa por uma terceira via contra a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Mesmo com a alta da reprovação de Bolsonaro em meio à CPI da Covid e denúncias de corrupção, Araújo afirma que ainda não vê condições políticas no país para um impeachment. Para Araújo, faltam a perda de apoio no Congresso e manifestações amplas nas ruas com mais diversidade política e ideológica.
As pesquisas mostram Lula e Bolsonaro em vantagem ampla. A construção de uma candidatura de centro alternativa a polarização é ainda viável?
As pesquisas envolvem um grau de complexidade maior. Elas mostram que há uma maior parte do eleitorado brasileiro que prefere não votar nem em um, nem em outro. A maior parte dos candidatos de centro nunca foi às urnas numa eleição nacional. O ex-presidente Lula termina tendo ganhos indiretos com o crescente aumento da rejeição do presidente Bolsonaro. E nessa construção que temos um conjunto de oito ou nove partidos que dialogam sobre alternativas. E o PSDB tomou uma decisão histórica este ano. Vai promover o maior e mais democrático processo de escolha de um candidato a presidente nas prévias, o que dará legitimidade a esse candidato.
O foco do centro deve ser buscar a vaga do Lula ou do Bolsonaro num eventual segundo turno?
Aparentemente, a maior viabilidade está em ocupar a vaga que está hoje com o presidente Bolsonaro. Se isso acontecer, acho que esse candidato tende a ser o próximo presidente.
Existe alguma chance de o PSDB, apesar das prévias, abrir mão da candidatura a presidente?
Ninguém pode querer um apoio sem ter disposição de apoiar. O PSDB está aberto até o último momento nas convenções de construir essa unidade no campo distante da polarização entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
O governador de São Paulo João Doria enfrenta rejeição interna no PSDB. Como é possível reverter esse cenário, caso ele vença as prévias?
Acho que a primeira etapa é a disputa interna. O fato é que quem sair vencedor dessas prévias nacionais, num processo amplo, rodando o país, vai sair com um importante ativo e força política para construir um processo de negociação com esse campo das forças políticas.
O governador Eduardo Leite revelou recentemente que é homossexual. Um candidato gay pode enfrentar resistência?
Primeiro, o governador Eduardo Leite ganhou ainda mais o nosso respeito. Acho que o atributo de uma relação franca com a sociedade entrega credibilidade e confiança. Acho que o Brasil tem maturidade de compreender que o mais importante é entender aquela pessoa que passa segurança para fazer as entregas que a sociedade precisa, para gerar empregos e reduzir as desigualdades do país.
Quando chegar a data das prévias, pode haver um rearranjo, com candidatos abrindo mão?
Eu acho que é possível e pode até haver até o surgimento de mais nomes. Tudo é possível nesse espaço que nós temos até as prévias.