Na semana passada, ele havia dito que, em apresentação pública, mostraria a comprovação do que defendia. “Não temos provas, já deixo claro”, ressaltou o chefe do Executivo

Em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu que não tem provas sobre supostas fraudes em urnas eletrônicas, a despeito do que vem afirmando há mais de um ano. Na semana passada, ele havia dito que, em apresentação pública, mostraria a comprovação do que defendia. “Não temos provas, já deixo claro”, ressaltou o chefe do Executivo durante a live.

O que foi de fato apresentado, porém, foram o que Bolsonaro considera “fortes indícios” de que há “algo errado” nas urnas. Em diversas vezes, o presidente repaginou o voto impresso, do qual é partidário, como “voto democrático” ou “voto auditável”. Um homem, identificado como “Eduardo”, que, segundo ele, é analista de sistemas, mostrou três tipos de conteúdo que tentaram demonstrar a tese de Bolsonaro.

Em primeiro lugar, um vídeo, de outubro de 2020, de um homem chamado Gederson, divulgado no YouTube, foi apresentado. Nele, o jovem afirma ser programador e diz que é “simples” mudar o “código-fonte da urna eletrônica”. Uma animação foi apresentada com uma simulação de fraude na hora da votação. É preciso deixar claro que o programa usado nesta animação não é o mesmo sistema utilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Gederson, inclusive, precisou se retratar publicamente, em vídeo arquivado na Justiça Eleitoral, afirmando que havia mentido poucos meses depois. 

Depois, imagens que circularam nas redes sociais em 2018, de pessoas que afirmavam que tentaram votar em Bolsonaro, mas não conseguiram, foram mostradas. Em seguida, trechos da apuração das eleições de 2018 e 2020 e reportagens antigas, de 2008 e 2012, foram exibidas. O somatório, porém, não trouxe qualquer prova ou indício contundente de fraude.

“Não pode os mesmos caras que tiraram o outro da cadeia contarem os votos (sic)”, defendeu o presidente, sem se referir nominalmente ao ex-presidente Lula, nos primeiros 40 minutos da transmissão ao vivo, na qual ele, sozinho, discursou sobre diversos temas. Dentre eles, Cuba, Venezuela, Argentina, Covid-19 e economia – poucas, todavia, foram as palavras diretamente relacionadas às eleições de 2022.