Declarações do presidente aumentam o nível de incerteza em relação à economia brasileira, pressionam o câmbio e a inflação, dificultando a retomada. Projeções para o PIB de 2022 já começam a ser revistas para baixo.

Por Bianca Lima e Luiz Guilherme Gerbelli

A economia brasileira já sofre com a crise institucional provocada pelo presidente Jair Bolsonaro. As ameaças às eleições e aos demais poderes elevam a percepção de risco dos investidores em relação ao país e prejudicam uma retomada mais robusta da atividade econômica, afirmam analistas.

A tensão institucional se soma ao debilitado quadro fiscal do Brasil e à dúvida sobre a qualidade das reformas econômicas que o governo Bolsonaro pode aprovar no Congresso.

Hoje, os analistas já colocam um freio nas projeções mais otimistas para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e começam a revisar para baixo as previsões econômicas para 2022.

No relatório Focus do Banco Central, que colhe a avaliação de uma centena de economistas, as previsões para o PIB de 2021 estão em 5,28% e, para 2022, em 2,04% – há quatro semanas, a projeção era de 2,1%. Em 2020, o PIB do Brasil despencou 4,1%.

“Quanto mais a incerteza ocorre, menos investimento o país vai ter. Você joga para o próximo mandato a árdua tarefa de trazer o crescimento”, afirma Mendonça de Barros, que foi secretário de Política Econômica do governo Fernando Henrique Cardoso. A MB Associados estima uma alta do PIB de apenas 1,4% para 2022.

Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências, também alerta para um cenário mais desfavorável neste e no próximo ano. “Projetamos um PIB de 5% para 2021 e de 2% para 2022. Mas, diante desse conjunto de elementos (políticos), existe um viés para termos um cenário mais adverso.”