A comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 5, a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes para explicar a respeito de suas atividades financeiras em empresa offshore no exterior. Por ter sido convocado, o ministro é assim obrigado a comparecer à comissão.

A conta de Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas foi divulgada pelo “Pandora Papers”, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que conta com veículos jornalísticos de diversos países. Com a repercussão dos caso, o Ministério da Economia declarou que toda a atuação privada de Paulo Guedes foi “declarada à Receita Federal, Comissão de Ética Pública e aos demais órgãos competentes”.

Os requerimentos aprovados são de autoria dos deputados Kim Kataguri (DEM-SP) e Paulo Ramos (PDT-RJ). “É possível, em tese, que ele tenha feito investimentos que se provaram rentáveis devido às informações que ele naturalmente possui enquanto ministro de Estado ou, pior, que possa ter influído a política fiscal, monetária, creditícia ou cambial do país para tornar seus investimentos rentáveis”, disse Kataguiri.

Já Paulo Ramos disse que “não está claro qual foi a atividade de sua offshore, nem como está sendo gerida desde sua nomeação no ministério”. Os dois deputados negaram o pedido do líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), para transformar a convocação em um convite. Caso fosse convidado, Guedes não teria obrigação de se apresentar na comissão. A audiência para ouvir o ministro ainda não teve data fixada.

Senado também quer explicações

O Senado também tem interesse em ouvir o ministro a respeito de suas movimentações financeiras fora do país. Nesta terça-feira, 5, a Comissão de Assuntos Econômicos aprovou a convocação de Paulo Guedes e do presidente do Banco Central, Campos Neto, que também teve empresas offshore no exterior reveladas. A Convocação, no entanto, foi transformada em convite.

Em resposta, assim como Guedes, Campos Neto disse que declara à Receita Federal a existência de sua empresa no exterior. Os dois devem ser ouvidos em sessão no dia 19 de outubro.