Lideranças da bancada ruralista no Congresso creem que a decisão da China de manter veto à compra de carne brasileira se dá por desgaste diplomático do governo Bolsonaro. Para eles, o veto é causado pelos ataques do presidente e seus aliados ao país.
“Estamos vendo com muita aflição”, diz Neri Geller à coluna Painel na Folha. Ele é vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária e ex-ministro da Agricultura. Para ele, “o governo melhorou nos últimos seis meses”, mas ainda há problemas do passado.
“Acho que o governo melhorou nos últimos seis meses, tirou o ingrediente ideológico e entrou a questão mais pragmática e comercial, que tem que prevalecer. Mas tem, sim, um rescaldo, que atrapalhou e atrapalha”, avalia.
Para o parlamentar, foi um erro se alinhar ideologicamente aos Estados Unidos. “nossos grandes parceiros comerciais consumidores estão no Oriente. Nosso maior comprador é a China. Precisamos ter um cuidado muito especial com esses países. E esse embargo prejudica muito”.
Alceu Moreira, ex-presidente da bancada, diz que a China se comporta historicamente dessa forma para renegociar preços. “A China sempre foi muito pragmática. Do ponto de vista ideológico, é socialista, mas do ponto de vista da economia, é dos países mais liberais, com competição de mercado internacional. É possível que, se tiver outro país mais alinhado a eles e que possa oferecer grandes volumes de carne, a China exerça a preferência nesse período”.