Em anúncio do primeiro medicamento que promete eficácia comprovada no tratamento da covid-19, o laboratório Pfizer anunciou nesta sexta-feira (5) que um teste clínico sobre seu comprimido Paxlovid conseguiu reduzir em 89% o risco de hospitalização ou morte entre pacientes adultos com elevado risco de desenvolver formas graves da doença. Os resultados do teste clínico intermediário são considerados tão bons que o laboratório americano informou também afirmou que enviará os dados para a Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA, dos Estados Unidos) o mais rápido possível, para obter autorização de uso de emergência do novo medicamento. As informações são da agência France Presse.
“A notícia de hoje é uma mudança autêntica nos esforços globais para deter a devastação desta pandemia”, afirmou o CEO da Pfizer, Albert Bourla. “Estes dados sugerem que nosso candidato a antiviral oral, se aprovado ou autorizado pelas agências reguladoras, tem o potencial de salvar a vida dos pacientes, reduzir a gravidade das infecções por covid-19 e eliminar até nove em cada 10 hospitalizações”, acrescentou.
Segundo a agência, a principal análise do teste avaliou dados de 1.219 adultos distribuídos pela América do Norte, América do Sul, Europa, África e Ásia. Entre os que participaram da pesquisa, 10 que tomaram o placebo desenvolveram sintomas graves da infecção e morreram, comparado com nenhum óbito entre os que receberam o remédio. Os testes também atestaram a segurança da substância, disse a farmacêutica.
Pesquisa avança
A Pfizer começou a desenvolver o medicamento especificamente contra o coronavírus em março de 2020. Assim como ela, vários laboratórios correm para desenvolver antivirais orais que evitem a evolução da doença para estágios graves – de maneira similar à ação do conhecido Tamiflu contra a gripe.
Se o medicamento da farmacêutica americana for autorizado pelas autoridades regulatórias, até o final do ano pode haver dois comprimidos que estarão à venda nas farmácias casa antes do final do ano para mantê-los fora do hospital. Um antiviral da Merck (MSD no Brasil) e Ridgeback Biotherapeutics, o molnupiravir, foi liberado para uso no Reino Unido esta semana e está para autorização nos Estados Unidos.
Europa em risco
Mas, enquanto a ciência avança na formulação de vacinas e medicamentos para o combate à pandemia de covid, a negação da ciência provoca uma repentina e preocupante aceleração de casos na Europa. Em países como a Alemanha, por exemplo, pacientes não vacinados passaram a lotar os leitos em UTIs desde algumas semanas atrás. O aumento de novos casos e hospitalizações com sintomas graves da doença levou o governo alemão a alertar sobre “uma pandemia que atinge principalmente os não vacinados e que é enorme”.
Em toda a Europa, os níveis de contágio voltaram a alarmar a Organização Mundial da Saúde (OMS), que ontem (4) afirmou que o continente pode registrar meio milhão de mortes nos próximos três meses. “A Europa voltou a ser o epicentro da pandemia, o mesmo lugar que ocupávamos um ano atrás”, disse Hans Kluge, diretor da OMS na Europa. Ele atribuiu a explosão de casos a níveis insuficientes de vacinação em lugares como a Rússia e ao relaxamento das medidas de precaução sanitária como o uso de máscaras, especialmente no Reino Unido.
Covid no Brasil
O Brasil registrou hoje mais 389 óbitos oficialmente confirmados pela covid-19, totalizando 609.060 vítimas da infecção desde o início do surto, em março de 2020. Também hoje, 13.321 casos novos foram confirmados no mesmo período de 24 horas monitorado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Desde o início da pandemia, o total de casos chega a 21.862.458.