Em pelo menos quatro ocasiões, durante a entrevista que deu ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 MHz), na última quinta-feira (19), o ex-prefeito Sergio Meneguelli (Republicanos) citou o ex-senador Magno Malta (PL).

“O Magno Malta já teve oportunidade de voltar ao Senado, o povo não quis que ele voltasse. Aí, como falam que ele é da cozinha do Bolsonaro, então, acham que entre o Magno Malta e eu tem que ter um só na disputa”, explicou Meneguelli ao responder o questionamento sobre especulações de que para formar um palanque forte para Bolsonaro, PL e Republicanos poderiam coligar em alguns estados e, como consequência, retirar algumas pré-candidaturas.

Meneguelli refutou tal possibilidade. Disse que tudo não passa de “fofoquinha” e “coisa do inimigo” para desidratar sua pré-candidatura e não disputar – o que diz que só acontecerá se ele morrer ou se o Republicanos acabar. Disse ainda que dois candidatos ao Senado são mais fortes do que apenas um para o palanque do Presidente.

Fato é que há uma tensão no ar sobre duas candidaturas ao Senado do mesmo polo, já que é grande a possibilidade de dividir o eleitorado e os votos e, como há apenas uma vaga em jogo, acabar não elegendo nenhum. PL e Republicanos disputam o mesmo nicho: o voto do eleitor conservador e de direita.

PL tem como trunfo ser o partido que abriga o presidente Jair Bolsonaro e Meneguelli sabe que isso pode pesar contra ele. Aliás, não só isso. Nas redes sociais de Malta chovem fotos, recentes e antigas, do ex-senador com o Presidente, sinalizando uma aproximação e uma possível transferência de votos.

“Aí falam que Magno Malta é mais próximo de Bolsonaro, que Bolsonaro pode pedir voto para ele, mas Bolsonaro pode pedir voto para mim também”, defende-se o ex-prefeito afirmando que também aceita se Lula, Eymael e outros pedirem votos para sua candidatura. “Eu sou democrata, eu aceito voto de todos os brasileiros, sem escolher lado político”.

Os recursos também pesam no cálculo político, embora Meneguelli tenha dito que pretende fazer uma campanha barata – segundo ele, não vai gastar mais de R$ 100 mil, provavelmente por saber que a prioridade do Republicanos nacional é eleger deputados federais.

“Falam que eu não tenho dinheiro para ser candidato. Gente, eu não quero comprar mandato, não vou gastar mais de R$ 100 mil. Aí dizem que Magno Malta vai ter o apoio de empresários, que o suplente da senadora Rose é milionário. Mas, se dinheiro ganhasse eleição, só teria rico no Congresso”, disse Meneguelli.

Dinheiro pode até não ganhar eleição, mas ajuda, por exemplo, a ter uma campanha competitiva nas ruas, que alcance os lugares mais distantes e isolados do Estado, que possa levar as propostas ao maior número possível de eleitores. E se a chave do cofre está nas mãos de quem vai concorrer, isso facilita ainda mais – não para Meneguelli, já que Malta é presidente estadual do PL e tem poder de decisão sobre o direcionamento dos recursos em seu partido.

Mas o Republicanos está no jogo e tem mirado, nacionalmente, em outras frentes, como a campanha massiva para fixar na mente do eleitor que o “10” é o “verdadeiro partido conservador do Brasil”. Isso está inserido nas peças publicitárias, nas inserções partidárias e nas falas dos dirigentes.

Fabiana Tostes