Evangélicos defensores da democracia no Espírito Santo, como em todo o País, organizam “uma grande atividade pública” em defesa da candidatura do ex-presidente Lula no Espírito Santo. Vão se reunir na próxima terça-feira (11), de forma online, para finalizar a agenda, que deve ser ampliada para além de grupos em redes sociais criados para “combater as fake news disseminadas pelo bolsonarismo”. As ações estão alinhadas às metas traçadas pela campanha, em nível nacional.

Os grupos trabalham, por meio das redes sociais, para impedir a escalada de mentiras disseminada desde o primeiro turno eleitoral pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é sempre apresentado como um cidadão correto, “enviado de Deus”, enquanto o ex-presidente Lula é demonizado e mostrado como um criminoso que não preza a família.

Os grupos que defendem a democracia são inspirados nos movimentos iniciados em 2021 pelo pastor evangélico Ariovaldo Ramos, de São Paulo, respeitado no meio, que aponta Jair Bolsonaro como um “homem das trevas, espécie de anticristo”, e encontra adeptos no Espírito Santo, como o pastor batista Charles Alamus, residente em Domingos Martins, região serrana do Estado. Esse e outros grupos de evangélicos programam várias ações a partir desta segunda-feira (10).

O grupo “Evangélicos com Lula no ES”, um canal de troca de mensagens, com esclarecimentos sobre notícias falsas dando conta de que Lula, se eleito, irá fechar igrejas, legalizar o aborto e acabar com as famílias, além de ser satanista, é um dos mais atuantes. Outro grupo atuante é o “”.

“É necessário manter um diálogo de forma efetiva com o público, para municiá-lo no combate às fakes news”, diz um pastor, que pede para manter o anonimato, por conta de pressões que recebe, até mesmo de fiéis. O religioso contesta o direcionamento da campanha de Bolsonaro e ressalta que “cristão não pode ter um candidato único, como eles querem”.

A movimentação é tocada por grupos evangélicos atuantes desde as manobras de 2016, que trabalham para mudar o tom do debate político, reforçado por grupos da direita por meio de pautas morais, mais ligadas a usos e costumes, ferindo o preceito de um estado laico, como está na Constituição Federal, promulgada em 1988.

Pastores afirmaram que basta um comentário em defesa da democracia para serem olhados com desconfiança, chamados de forma pejorativa de “comunistas”. Esse comentário é feito acompanhado de um alerta para manter o nome em sigilo, a fim de evitar repreensões. O entendimento vem das cúpulas das igrejas, sob a justificativa de que “política e religião não se misturam”, engano disseminado entre os fiéis.

Na realidade, “as pregações de Jesus não tiveram o objetivo de criar uma religião, mas de apresentar, na prática, um novo modelo de viver, uma sociedade mais generosa, igualitária, baseada no amor ao próximo”, acentua um pastor, defensor da democracia e dos direitos humanos, opositor da “guerra santa” intensificada pela esposa do presidente Jair Bolsonaro, Michele, replicadas nas igrejas que apoiam sua candidatura à reeleição.