A remoção de rejeitos da lama da Samarco na parte capixaba do Rio Doce possa assorear pontos mais adiante. Esse é o temor do governo do Espírito Santo, segundo reportagem da Folha de São Paulo.
De acordo com a reportagem, não há clareza sobre os impactos de se remexer nos resíduos químicos que já estão assentados. A retomada da pesca nas áreas atingida também gera discussão.
Enquanto o governo federal quer mais sete anos de suspensão da pesca, para dar tempo de o próprio rio se curar do danos causados, estados e municípios atingidos querem retomar a atividade antes.
O rompimento da Barragem Fundão, em Mariana, em Minas Gerais, completou sete anos em novembro sem que, passado todo esse tempo, a homologação do acordo pela tragédia tenha sido feita. Ficou para o novo governo de Lula.
Negociações
Em agosto, o governo mineiro deixou a mesa de negociações, tamanha a falta de consenso sobre o acordo. Na época, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, também se manifestou, afirmando que as empresas praticamente descartaram o acordo proposto e que caberia à Justiça cumprir rigor total.
De acordo com o coordenador nacional do Movimento Atingidos por Barragens (MBA), Heider José Boza, os governos “jogaram a toalha” porque estavam sendo obrigados. E afirmou que a a postergação do desfecho do acordo refletiu a falta de sensibilidade das empresas com a situação.
“Essa postura intransigente pautada na falta de diálogo e sensibilidade das empresas com as vítimas fica evidente diante da situação. Eles estão conduzindo e cozinhando os governos e justiça brasileira por anos, assim como fazem com as vítimas”, afirmou.
Bloqueio de bens
O Governo do Espírito Santo pediu, em setembro deste ano, o bloqueio de bens da Samarco para reparar tragédia no Rio Doce, e entrou com novas ações na justiça brasileira e também na inglesa contra o grupo anglo-australiano BHP Billiton, que controla a empresa, junto com a Vale.
O pedido é para garantir reservas com o objetivo de reparar os estragos provocados pelo rompimento da barragem de Mariana, Minas Gerais.
Litoral norte
No dia 27 de outubro, foi decidido que Serra, Fundão, São Mateus e Conceição da Barra, municípios do litoral norte capixaba, receberão reparações causadas pelo desastre da lama da Samarco no Rio do Doce, da mesma forma que já acontece em Aracruz.