A diretoria da instituição esteve reunida com o governador no Palácio Anchieta na sexta-feira (24)
O Hospital Apóstolo Pedro é uma instituição filantrópica, organização sem fins lucrativos que atende aos mimosenses e moradores da região há quase 80 anos. Sua fundação carrega um história de muita luta, com nomes que deram a vida para que se estabelecesse naquele local uma estrutura que cuidasse de vidas.
Quem conhece a realidade dos hospitais filantrópicos e das Santas Casas no Brasil sabe que o dia a dia não é fácil. Mais de 500 instituições fecharam as portas nos últimos cinco anos. Segundo a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), o déficit do setor chega a R$ 10,9 bilhões. Essas instituições são responsáveis pela manutenção de 169 mil leitos hospitalares.
A tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), que é o índice usado pelo Ministério da Saúde para remunerar os hospitais e clínicas conveniados à rede pública de saúde não é reajustado há mais de 20 anos, de forma que o pagamento da rede não condiz mais com o custo dos exames, cirurgias, medicamentos e atendimentos.
Além disto o custo em geral subiu como nunca. Como alguns membros da diretoria do HAP costumam dizer, são várias empresas dentro de uma só. Nutrição, hotelaria, farmácia, limpeza, tecnologia, administração e equipe de saúde. As despesas com alimentação por exemplo praticamente triplicaram em três anos.
Um levantamento da Federação das Santas Casas do Espírito Santo mostra que a diária paga pelo SUS tem um valor médio de R$ 4 reais para cada paciente, insuficiente para cobrir os custos. Exames simples, como uma radiografia, atualmente pagam R$ 7 ao operador, quantia insuficiente para cobrir sequer os insumos desse exame de imagem.
O Hospital atualmente já acumula uma dívida de R$1.400.000,00, somando todas as receitas, recebe algo em torno de R$630.000,00 por mês, mas as despesas somam quase R$900.000,00. A conta não fecha e o déficit mensal é de R$250.201,05.
A diretoria vem fazendo ajustes administrativos desde o ano passado, buscando a redução das despesas em diversos pontos, mas chegou em um limite. Qualquer nova decisão afetará diretamente na qualidade dos serviços prestados.
Todos os agentes políticos da cidade tiveram acesso aos números e sabem da realidade da instituição. Na semana passada estiveram em reunião no Palácio Anchieta e mais uma vez solicitaram ao governador um socorro para que o HAP continue de pé.
O que mais entristece nesta situação toda é saber que ao longo dos anos o Hospital Apóstolo Pedro se consolidou como a melhor instituição de pequeno e médio porte do Espírito Santo. Há poucos dias, em uma audiência pública que também tratava da situação econômica do HAP, a Dra. Inês Thomé Poldi Taddei, Promotora de Justiça, afirmou que ao visitar as dependências físicas do hospital, se deparou com algo surpreendente. Dra. Inês disse que está sempre em visitas aos hospitais do Estado e que não tinha ainda visto uma instituição deste porte com a organização do HAP.
Além de estudar formas para a redução de custos, a gestão do Hospital investe em alternativas para a captação de recursos, buscando uma menor dependência do setor público. Isto já é realidade. O cartão saúde do hospital por exemplo já é responsável por uma receita anual de quase R$400.000,00. Por consequência do sucesso deste serviço, o Centro de Diagnósticos foi positivamente impactado e teve um aumento considerável no fluxo de pacientes buscando exames e consultas especializadas com valores especiais. A diretoria investe ainda na medicina ocupacional e no desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas para a área da saúde. Tudo isto com equipe própria, sem gerar novas despesas.
Não podemos permitir que uma instituição histórica, que é o primeiro socorro dos mimosenses e de muitos municípios vizinhos viva “com pires na mão” para sobreviver. A situação desta vez é preocupante. Se algo não for feito imediatamente, o HAP corre risco de ter serviços paralisados e quem perde com isto é a população.
Na última reunião com o governo do Estado alguns agentes políticos se comprometeram a avaliar o caso com carinho, mas não houve nenhuma definição concreta. Enquanto isto a gestão do hospital sofre, os colaboradores ficam preocupados e principalmente os cidadãos completamente apreensivos. Vamos aguardar os próximos passos. Que não sejam demorados e que em breve possamos trazer boas notícias. O HAP não merece passar por isto.