Desde que o governo sofreu a primeira derrota na Assembleia e que o deputado Fabrício Gandini (Cidadania) deu o grito de independência com relação ao Palácio Anchieta, não se fala em outra coisa a não ser a eleição para prefeito de Vitória no ano que vem. Por mais que falte um ano e sete meses para o pleito, a ansiedade eleitoral tomou conta do mercado político.

Isso porque, o distanciamento de Gandini da base aliada tem, como principais motivos, o desprestígio que ele e seu partido têm amargado na relação com o governo e a percepção de que pode ficar sem espaço e sem apoio do Palácio Anchieta – leia-se, PSB – numa eventual candidatura a prefeito.

A percepção se dá tanto pela aliança nacional que o PSB fez com o PT, quanto pelos movimentos que Gandini tem observado no governo e na Assembleia. O fortalecimento dos petistas com espaços no governo e em posições estratégicas na Mesa Diretora da Ales levam Gandini a crer que o PSB deve apoiar o PT na eleição à Prefeitura de Vitória.

E a leitura de Gandini não está, de toda, errada. A aliança com o PT é fato. O partido retirou a candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo para apoiar a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB).

Quem conhece o PT sabe que a sigla é muito boa de apoio com sua militância aguerrida, mas é melhor ainda na cobrança da fatura. O PT dificilmente vai aceitar uma eventual neutralidade do PSB na eleição, o que deixa o partido do governador, desde já, numa saia-justa daquelas.

SEM CANDIDATURA?

O PSB construiu uma ampla frente de alianças – com partidos de esquerda, centro e direita – para a reeleição de Casagrande. Todos esperam o mesmo que o PT: apoio do PSB e do próprio governador nos pleitos regionais. O comando da capital, claro, é a mais visado.

Embora ainda tenha muita água para rolar debaixo da Terceira Ponte, o PSB já tem tratado sobre o tema e, se a eleição fosse hoje, o partido do governador não teria candidatura própria a prefeito de Vitória.

“Provavelmente, não teremos candidato a prefeito de Vitória. Não é uma definição ainda, mas a gente vai estudar”, disse o presidente estadual socialista, Alberto Gavini, durante o evento do Planejamento Estratégico do governo.

Ao ser questionado se o motivo seria a aliança com o PT, ele concordou. “Tem, por exemplo, a aliança com o PT ou outra aliança que surgir… Mas, por enquanto é isso. Mas a gente vai conversar ainda, não tem nada definido”.

Perguntado sobre a possibilidade do deputado João Coser ser candidato a prefeito da capital, Gavini respondeu: “Ele está animado, é um bom companheiro. Hoje, o parceiro mais próximo nosso seria ele, mas está aberto. Gandini também quer ser candidato a prefeito, enfim, tem que aguardar”.

A possibilidade de não ter candidatura própria a prefeito da capital difere da postura tomada pelo PSB em 2020, quando apostou no então vice-prefeito Sérgio Sá para a disputa. Foi ali que a relação com o Cidadania começou a desandar. Sá rompeu com o então prefeito Luciano Rezende (Cidadania) e disputou contra Gandini. À época, o Cidadania esperava ser apoiado pelo PSB.