Mesmo tendo duas representações por quebra de decoro parlamentar, o deputado Lucas Polese (PL) ainda não foi julgado na Corregedoria da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Ele foi parado em uma blitz da Lei Seca na Praia do Canto, dirigindo um carro oficial, na madrugada do dia 6 de maio e se recusou a fazer o teste do bafômetro.
Após a ocorrência, a Transparência Capixaba e a Juventude do PSB-ES registraram representação no Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e na Ouvidoria da Assembleia. No entanto, um mês depois, o caso sequer foi enviado para análise da Corregedoria.
A assessoria do deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), eleito às pressas como corregedor logo após a ocorrência, informou que existem três formas da Corregedoria iniciar os trabalhos por quebra de decoro.
Uma delas é a ação ser protocolada por algum deputado. A outra por um partido com representatividade na Casa ou encaminhado pela Mesa Diretora. Ou seja, as duas representações estão paradas na gaveta do presidente da Ales, deputado Marcelo Santos (Podemos).
A presidente da Transparência Capixaba, Ádila Damiani, acredita que a demora se deve principalmente pelo fato da Corregedoria ter sido instalada há menos de um mês.
“Os caminhos com despachos mostram a burocracia instalada num sistema eletrônico. Mas a paciência é a virtude dos justos. E temos que ter esperança nas organizações e confiamos que teremos uma resposta condizente com o ato praticado. Esperamos uma análise justa e uma decisão justa é compatível com os decoros cometidos pelo deputado”, disse.
De acordo com a presidente da JSB-ES, Cristhiany Miranda, o intuito da proposição rápida da ação era, justamente, conferir celeridade ao caso, para devido debate e apuração, sobretudo pelo fato ter acontecido em pleno Maio Amarelo, no qual toda a sociedade é chamada para se conscientizar sobre a importância do trânsito seguro, de não misturar álcool e direção.
“A demora da Assembleia Legislativa em tramitar o processo tem demonstrado que, aparentemente, a pauta não é cara e urgente ao Poder Legislativo”.
A secretária de Planejamento e Formação Política da Juventude do PSB, Carolina Coura, foi mais enfática e diz que a Assembleia alegou que houve necessidade de “comprovação de capacidade processual”.
Ela considerou uma lástima , uma formalidade, um empecilho burocrático deixou o processo parado por muitos dias. “O Poder Legislativo deveria ser o maior interessado em apurar os fatos, requerer essa apuração de ofício, sem precisar de iniciativa externa. Os deputados, representantes eleitos do povo, devem ser os primeiros a dar exemplo. Todos eles. Ninguém está acima da lei”.
Em nota, a presidência da Ales, informou que o processo está tramitando, mas que por ausência de alguns documentos das representações, o processo retornou às autoras das ações. Somente após receberem esses pedidos é que o processo poderá ser encaminhado para a Corregedoria.
O deputado Lucas Polese foi procurado por meio da sua assessoria de imprensa, mas a reportagem do Portal ES360 não obteve um retorno. Na época, Polese afirmou que é um deputado livre de quaisquer suspeitas que pesem contra sua conduta e que estava, às 1h30min da manhã de uma sexta, utilizando veículo oficial por estar trabalhando cumprindo agenda oficial – que durou 3 dias – com o embaixador do Azerbaijão.