Segundo dados apresentados por Associação Capixaba de Combate ao Câncer Infantil, casos da doença podem chegar a até 150 por dia
A importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil foi o assunto abordado na reunião da Comissão de Saúde promovida nesta terça-feira (1°). O encontro teve a participação de representantes da Associação Capixaba de Combate ao Câncer Infantil (Acacci), com sede em Vitória.
“Quanto menor esse tempo do diagnóstico, a gente tem, portanto, a taxa de sucesso”, afirmou o presidente do Conselho de Administração, Robson de Almeida Melo e Silva. Conforme lembrou, essa preocupação é um dos focos da entidade, que foi fundada há 35 anos e conta com o apoio de mães, pais e médicos.
De acordo com o convidado, pesquisas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), com inferências estatísticas sobre a incidência de neoplasia infantil, mostram que no Espírito Santo podem surgir de 120 a 150 casos todos os dias.
“O câncer infantil não necessariamente tem como prevenir, porque ele um desenvolvimento biológico. E o que a gente pode é procurar o mais rápido possível identificar em que momento há sinais e sintomas em que a gente possa suspeitar de um possível caso de câncer infanto-juvenil, explicou.
Embora o início biológico da doença seja difícil de ser percebido, os sinais e sintomas podem ser identificados em consultas realizadas na atenção básica ou no atendimento com especialistas e também a partir da manifestação da própria criança, da observação dos pais e até mesmo com a ajuda de professores.
Por isso, segundo Robson de Almeida, existe um programa que a Acacci desenvolve junto às escolas para levar informações sobre a doença. A iniciativa foi aprovada pelo presidente da Comissão de Saúde, Dr. Bruno Resende (União).
“O diagnóstico precoce, não apenas no câncer infantil, mas em qualquer tipo de neoplasia é essencial. No câncer pediátrico tem um sentido ainda mais emblemático, porque nós não estamos falando de adultos, estamos falando de crianças”, disse Dr. Bruno.
O parlamentar alertou que o diagnóstico precoce amplia a chance de cura. “Se a gente não conhece, se a gente não identifica, obviamente que a gente não trata ou posterga esse tratamento a limites que são insustentáveis. E no câncer, o câncer não perdoa. Se não é diagnosticado ele mata”, completou, classificando como “desesperador” perder “uma batalha” de uma criança para a doença.
Melhorias no atendimento
Robson de Almeida aproveitou a ocasião para pedir mais investimentos na rede pública de saúde. Uma das preocupações é com a antiga estrutura do Hospital Estadual Infantil de Vitória, que precisa de “muitas melhorias”. A unidade é referência no tratamento de casos de câncer infantojuvenil no Espírito Santo.
O convidado lembrou que as clínicas de tratamento oncohematológico foram transferidas há alguns anos do Infantil para o Hospital da Polícia Militar (HPM), também na capital, onde funcionam com instalações provisórias. Outra preocupação é com a gestão de dados sobre encaminhamentos de pacientes.
Dr. Bruno Resende frisou que o Infantil de Vitória já recebeu visita técnica do colegiado. Um relatório com os problemas identificados foi enviado ao governo do Estado, que prometeu providências. “O Hospital Infantil é um ponto de fragilidade da nossa rede e que nós precisamos resolver”, considerou.
O colega Zé Preto (PL) pediu mais agilidade no tratamento na rede pública. O parlamentar criticou a morosidade no processo, sobretudo na atenção primária, e sugeriu um hospital de “porta aberta” para receber pacientes nos moldes de um pronto-socorro. “Se não for, morrem pessoas esperando”, relatou.
O diretor-presidente da Acacci, Francisco Gava, salientou a atuação do terceiro setor em uma área que deveria ser preenchida pelo poder público. Ele relatou a precariedade com que é feito o transporte de crianças e jovens de municípios distantes para receber tratamento na capital. Lembrou que a entidade recebe as pessoas, mas não tem contrapartida financeira das prefeituras.
Há ainda dificuldades extras. “A questão do câncer, não só o infantojuvenil, vai muito além da saúde”, avaliou o diretor ao citar dificuldades de pacientes no acesso a outros serviços públicos, como a educação. Além de Gava, também participaram da reunião a superintendente da associação, Luciene Sena; e o colaborador da área de comunicação George Costa. O deputado Pablo Muribeca (Patri) também esteve presente.