O canto dos machos para atrair as fêmeas se espalha pelos cantos do Espírito Santo. Nas árvores das cidades, é fácil encontrar casulos vazios deixados pelos adultos da espécie, após a metamorfose. O som de algumas pode chegar ao nível de decibéis semelhante ao de uma motosserra ou de um trovão. Há quem se incomode e quem aprecia.

Com a proximidade da primavera, o canto das cigarras toma conta das cidades. Esta época marca o período de acasalamento desses insetos. O som alto e repetitivo que reverbera entre as ruas é a forma que os machos da espécie usam para atrair as fêmeas. Entre os capixabas, a opinião é dividida, há quem se encante e quem não goste nem um pouco.

O período de reprodução das cigarras ocorre na fase mais quente e úmida do ano, da primavera ao verão.

Ninfas

Apesar de a fase adulta durar entre dois e três meses, após isso, as cigarras morrem. O inseto na etapa em que fica estritamente no subsolo, quando é chamado de ninfa, é bem longevo para um artrópode. “Não sabemos, ao certo, quanto tempo elas vivem debaixo da terra, mas estima-se de 3 a 7 anos. Nos Estados Unidos, algumas espécies podem existir nessa condição até 17 anos”, detalha Motta.

Sob a terra, as ninfas se alimentam principalmente da seiva de raízes (floema e xilema). Depois de amadurecerem, elas saem do solo, sobem no tronco das árvores e criam um casulo para desenvolver asas, passando pela metamorfose. É essa casquinha (exúvia) que vemos nas árvores espalhadas pela cidade. Alguns minutos depois, o macho está pronto para começar a cantoria.

Esfregar das asas

O som emitido pelas cigarras é produzido ao esfregar das asas em um par de estruturas abdominais chamadas timbales, e elas conseguem controlar e amplificar a cantoria. Nesse show, algumas espécies atingem até 120 decibéis. O equivalente ao barulho de uma motosserra ou um trovão.

Rotina barulhenta

Há quem goste, há quem odeie, mas é inegável que a sinfonia constante se torna parte do ambiente. “Não me incomoda muito, acho até gostoso, me dá uma sensação de tranquilidade por estar em contato com a natureza”, conta a Lorena Miranda, 28, moradora de Alegre.

Dividir a atenção do dia a dia com a música das cigarras pode ser estressante quando é preciso trabalhar ouvindo a cantoria. Marcos Nolasco, 32, é vendedor em uma loja em Cachoeiro tenta ignorar e focar a mente. “Às vezes, a gente quer um pouco de silêncio quando está fazendo alguma tarefa e é complicado se concentrar com o barulho. Quando estou atendendo algum cliente ou lidando com alguma demanda da loja, preciso ter paciência. É um barulho muito chato o dia todo, eu realmente não gosto”, desabafa.