Tsunami meteorológico atingiu na tarde deste sábado o município catarinense de Laguna, causando prejuízo e assustando os moradores que aproveitavam o dia de calor na beira da praia. Grandes ondas atingiram a orla de Laguna, na região do Farol de Santa Marta.

As grandes ondas arrastaram diversos veículos que estavam estacionados na beira da praia para dentro do mar. A fúria repentina do mar na praia do Cardoso assustou os banhistas e causou prejuízos. Não houve feridos.

Sem swell que gerasse fortes ondas, como ocorreu no começo da semana com um ciclone extratropical na costa, o fenômeno do mar avançar foi muito rápido. Justamente porque as águas estavam relativamente calmas, os banhistas acabaram surpreendidos pela violência repentina do mar.

O meteotsunami que atingiu Laguna acompanhou uma frente de rajada com temporais que avançou do Nordeste e do Leste do Rio Grande do Sul para o Sul de Santa Catarina com chuva e temporais de vento depois de horas de intenso calor na região.

A frente de rajada estava tanto sobre o mar como o continente, gerando o vento forte a intenso com brusca variação de pressão atmosférica, o que acabou por se refletir nas condições do mar na praia catarinense.

O QUE É UM METEOTSUNAMI?

Todos nós já ouvimos falar de tsunamis, as ondas oceânicas gigantescas desencadeadas principalmente por terremotos que podem atingir a costa, causando perda de vidas e desastres. Ocorre que existem também os chamados meteotsunamis, cuja origem não está em terremotos e sim em fenômenos meteorológicos.

Meteotsunamis são ondas grandes que os cientistas estão apenas começando a compreender melhor. Ao contrário dos tsunamis desencadeados por atividades sísmicas, os meteotsunamis são provocados por perturbações da pressão atmosférica, frequentemente associadas a eventos meteorológicos rápidos, como tempestades severas, frentes de rajadas e outras frentes de tempestade.

De acordo com a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a NOAA, a tempestade gera uma onda que se move em direção à costa e é amplificada por uma plataforma continental rasa e uma entrada, baía ou outra característica costeira.

Estes tsunamis meteorológicos podem gerar ondas de até dois metros ou mais. Este tipo de fenômeno já foi documentado em muitos lugares ao redor do mundo, como os Grandes Lagos, o Golfo do México, a Costa Atlântica dos Estados Unidos e os Mares Mediterrâneo e Adriático. Há precedentes de meteotsunamis tanto no Rio Grande do Sul como em Santa Catarina nos últimos anos.

O QUE CAUSOU O TSUNAMI METEOROLÓGICO?

Intensas áreas de instabilidade avançaram como uma frente de rajada com chuva e vento forte pelo Sul de Santa Catarina do meio para o final da tarde deste sábado, trazendo vento muito forte em Laguna. As rajadas na hora do temporal chegaram a 73 km/h no Farol de Santa Marta, mas em mar aberto na costa devem ter sido mais fortes para gerar as ondas.

Nas horas precedentes, o vento já tinha sido forte na região com rajadas perto de 80 km/h pela atuação de uma corrente de jato em baixos níveis, mas a direção do vento era oposta, de Noroeste, o que trouxe muito calor.

O temporal foi favorecido por ar muito quente e o deslocamento de uma frente fria a partir do Leste gaúcho. A temperatura máxima na estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Urussanga chegou a 40,3ºC neste sábado. Estações da Epagri indicaram máximas entre 35ºC e 39ºC em vários municípios do Oeste, Meio-Oeste e o Sul catarinense neste sábado.

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