Se a eleição de 2022 ficou marcada pela enxurrada de desinformações que circularam nas redes, em 2024 pode haver mais um problema à vista: as chamadas pesquisas fake. Especialistas alertam: mais do que nunca, é preciso garantir a transparência e legitimidade das pesquisas eleitorais, ferramentas importantes para avaliar o desempenho dos candidatos e orientar o eleitor na decisão do voto.
O que são pesquisas eleitorais fake? “São pesquisas que deliberadamente não captam a realidade no que diz respeito à distribuição das intenções de voto”, explica o cientista político e coordenador do Ipespe, Antonio Lavareda. Em linhas gerais, sua função seria provocar polêmica e manipular o desempenho dos candidatos, apresentando resultados que destoam de outros levantamentos porque não seguem metodologias científicas padronizadas.
Para Lavareda, o olhar atento para as pesquisas fake seria uma das formas de antecipar a discussão e reduzir potenciais inseguranças com relação à metodologia, aos dados e aos resultados que as pesquisas eleitorais dos grandes institutos apresentam – como DataFolha, Ipec e Ipespe. Mas como saber diferenciar pesquisas confiáveis das fake?
Se engana, por exemplo, quem acha que o registro de uma campanha no TSE é garantia de segurança do levantamento. “As pesquisas são todas registradas no TSE e isso nos dá um elemento de pretensa legitimidade, mas o registro do TSE, na verdade, é apenas uma coisa burocrática que não faz nenhum controle da qualidade dos dados, das amostras e dos questionários”, diz Thomas Traumann. Ou seja, segundo eles, não há equipes ou tempo para que os técnicos do TSE possam garantir que há a elaboração de medições eleitorais nas quais se possa confiar.
Apesar de urgente, a discussão e o monitoramento das pesquisas falsas ainda são tarefas áridas e pouco aprofundadas entre as entidades responsáveis pelo assunto, aponta Lavareda. “Eu diria inclusive que esse tipo de conteúdo deve ser objeto de observação permanente tanto por parte dos veículos de imprensa quanto por parte das agências de checagem”, reforça.