Um estudo mostra que pessoas com a chamada covid longa — quando os sintomas da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 persistem por mais de 12 semanas — podem ter sequelas cognitivas amenizadas por meio de reabilitação. O responsável pela pesquisa é Josep Vendrell, neurologista do Hospital de Santa Creu i Sant Pau, em Barcelona, na Espanha, que conversou com as jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte no Podcast do Correio. Ele destacou as melhorias observadas em pacientes que utilizaram exercícios focados na recuperação de memória e no aprimoramento da atenção pós-infecção pelo vírus da covid.
Um estudo mostra que pessoas com a chamada covid longa — quando os sintomas da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 persistem por mais de 12 semanas — podem ter sequelas cognitivas amenizadas por meio de reabilitação. O responsável pela pesquisa é Josep Vendrell, neurologista do Hospital de Santa Creu i Sant Pau, em Barcelona, na Espanha, que conversou com as jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte no Podcast do Correio. Ele destacou as melhorias observadas em pacientes que utilizaram exercícios focados na recuperação de memória e no aprimoramento da atenção pós-infecção pelo vírus da covid.
Como a covid longa afeta os pacientes?
A covid longa é uma consequência da fase aguda, ou seja, da primeira fase da infecção. A covid ainda é uma enfermidade desconhecida, então, a longa é ainda mais desconhecida. Estamos começando a descobrir e estudar essa síndrome porque ainda há muitos médicos que não a consideram como verdadeira. A covid longa ocorre após uma breve recuperação, quando há uma piora no quadro da infecção. Até então, observamos sinais de uma grande fadiga, a piora do quadro respiratório do paciente, além de problemas de memória e atenção, que chegam a afetar a leitura da pessoa. Esses problemas interferem muito na vida diária dos pacientes. Eles necessitam de uma atenção especial. Por exemplo, uma paciente me disse que era uma grande leitora, e lia um livro por mês. Depois da doença, não consegue ler após uma ou duas páginas. Isso é muito grave, representa uma desorganização da vida da pessoa.
A saúde mental também é atingida pela síndrome de covid longa?
Essa relação às vezes acontece. Entretanto, temos que fazer uma diferenciação entre a depressão e a tristeza pela perda da memória. A tristeza de ter perdido a memória ou ter problemas de atenção não pode ser qualificada como depressão. Essa perda da capacidade cognitiva é equivalente à amputação de um membro. Ela tem que ser digerida e não tem como tratar com medicamentos, é necessário um tratamento com mais cuidado e empatia. O profissional da saúde é responsável pelo tratamento empático do paciente.
A COVID-19 pode ter também um impacto no colesterol, e algumas sequelas pós-COVID-19 podem aumentar o risco de problemas cardiovasculares, incluindo níveis de colesterol elevados. Estudos indicam que o vírus utiliza o colesterol para se multiplicar, e fatores de risco como colesterol alto, obesidade, tabagismo e doença renal crônica podem aumentar o risco de sequelas após a infecção.