Deputado estadual mais votado da Assembleia com 138.523 votos, Serginho Meneguelli (Republicanos) compareceu ontem (06) à sessão de instalação do ano legislativo de calça e jaqueta jeans, camisa e gravata e tênis all star. Sentou ao lado do veterano Zé Esmeraldo (PDT) e usou o microfone para pedir um minuto de silêncio em homenagem à jornalista Glória Maria.

Tão logo terminou a sessão, ainda em plenário, ele tirou a jaqueta e a gravata, pedindo ajuda ao assessor. “Isso aqui não é pra mim, não”, dizia ele, quando foi abordado pela imprensa. De fato, Meneguelli estava bastante contrariado por não poder usar suas inseparáveis camisetas (são 12) em que declara amor a Colatina e ao Espírito Santo.

“Acho que eu poderia usar minha camiseta, porque aqui tem um fardado, tem um outro com chapéu… Mas lei é para se cumprir”, disse. Embora não haja uma regra explícita no Regimento Interno da Casa sobre o “dress code” dos deputados, há uma regra de costumes que determina uso de paletó e gravata dentro do plenário.

Meneguelli, porém, defende que a camiseta é sua marca pessoal, assim como o chapéu é do deputado Pablo Muribeca (Patriota). O ex-prefeito de Colatina disse que vai pedir autorização para o presidente da Ales, Marcelo Santos (Podemos), para não precisar usar terno.

“Vou ver se ele libera, porque eu não nasci para usar terno. O único paletó que eu tenho estava todo cheio de traça, tinha cinco anos que eu não usava. Eu usei para tomar posse como prefeito e não usei mais. Não me sinto bem de terno. Sapato, também, eu não uso. Hoje eu estou de tênis novo, mas eu gosto do velho, desde os 18 anos eu uso o meu ‘All Star’ e calça jeans desse jeito”, disse mostrando o par de tênis preto e a calça bastante surrada.

Meneguelli alegou incoerência exigir o uso de paletó e gravata nas sessões. Por dois motivos. Um por conta do clima: “Se fosse na Europa, lá tudo bem, é frio, justifica, mas num país tropical?”, questionou. Desde que as chuvas pararam e o verão entrou com tudo, tem sido comum ter uma sensação térmica de 40 graus nas ruas da Grande Vitória. E, ontem, o plenário da Ales e a sala de imprensa também estavam quentes, embora contem com sistema de refrigeração.

Outro motivo alegado por Meneguelli é a identificação com seu eleitorado. “A maioria do meu eleitorado está em obra trabalhando, sem camisa, ou em fábrica, com roupa comum. Se a gente representa o povo, tem que ser igual o povo. Por que eu tenho que colocar terno e gravata? Numa sessão solene, até concordo, mas no dia a dia, não. Acho uma ignorância. Se ele (presidente) liberar, eu venho de camiseta”, disse o deputado.

LICENÇA MÉDICA

Meneguelli disse que estuda também pedir uma licença médica de 15 dias, aproveitando o período de Carnaval, para se recuperar completamente da cirurgia que fez no intestino, por conta de uma diverticulite. Ontem, ele estava com uma faixa no abdômen, por baixo da camisa.

“Eu não tenho ainda um lugar para ficar aqui, se eu dormir aqui (em Vitória) tenho que pagar hotel. Então, como preciso ter uma alimentação no horário e vai vir o Carnaval, vou conversar depois com o presidente de ficar 15 dias fora. Ainda estou avaliando”, disse Meneguelli.