No dia 14 de fevereiro, o vereador Júnior Corrêa fez um anúncio que sacudiu o tabuleiro eleitoral em Cachoeiro de Itapemirim e que até hoje reverbera na maior cidade do sul do Espírito Santo (e alhures). Tido até então como a aposta do bolsonarista Partido Liberal (PL) para disputar a Prefeitura de Cachoeiro, Juninho, como é mais conhecido, convocou uma coletiva de imprensa para comunicar que não seria mais pré-candidato. A explicação que acompanhou o anúncio foi ainda mais impactante: declarando ter se reencontrado com seu primeiro e verdadeiro amor, Juninho informou ao mundo que pretendia voltar para o seminário para seguir a vocação religiosa e se ordenar padre da Igreja Católica.

No dia 2 de abril, durante a janela partidária, num primeiro sinal de revisão da própria decisão de “abandonar a política”, Juninho trocou o PL pelo partido Novo. Em Cachoeiro, o Novo está com o PP de Ferração e com o MDB do vice-governador Ricardo Ferraço em uma aliança eleitoral de centro-direita.

No dia 16 de maio, em uma carta aberta endereçada “ao povo amigo de Cachoeiro de Itapemirim”, Theodorico Ferraço anunciou sua decisão de encabeçar a chapa dessa coligação. Ele, que já governou Cachoeiro por quatro mandatos, será candidato a prefeito de novo. Aos 86 anos, está ostentando energia de garoto. Mas, até para equilibrar um pouco a chapa no quesito “juventude versus experiência”, quer ter um “garoto” de verdade ao lado dele. Por isso, no mesmo movimento, Ferração, 86 anos, convidou Juninho Corrêa, 27 anos, para ser seu candidato a vice.

Ao que tudo indica – segundo informação confirmada a esta coluna por pessoas próximas ao vereador –, Juninho aceitou o convite de Theodorico Ferraço. O anúncio da sua decisão de compor a chapa encabeçada por Ferração deve ser feito nesta terça-feira (28), às 9 horas, em nova coletiva de imprensa convocada por Juninho, na residência dele, em Cachoeiro.

Portanto agora, na reviravolta da reviravolta, em um ainda mais incrível plot twist desta trama eleitoral cachoeirense, Juninho não só desiste de desistir do processo eleitoral como abandona a sua decisão de abandonar a política. Ele, que desistira de ser vereador e candidato a prefeito para voltar ao seminário e se tornar sacerdote, agora desiste de ser padre para ser candidato a vice-prefeito de Theodorico Ferraço.

Ou, se não tiver desistido de ser padre, no mínimo terá de adiar um pouco mais esse projeto de vida. O outro “chamado vocacional”, aquele que o impele para a política, voltou a gritar mais alto em seus ouvidos.