Estudo fornece justificativa para ensaios clínicos que avaliem o uso de inibidores de CDK7 em câncer de próstata
O bloqueio de uma quinase (proteína que adiciona grupos fosfato a outras proteínas) conhecida como CDK7 provoca uma reação em cadeia que resulta na morte de células de câncer de próstata que se espalharam e são resistentes a terapias padrão, de acordo com um novo estudo de pesquisadores do Abramson Cancer Center da Universidade da Pensilvânia. A equipe identificou a CDK7 como o botão liga/desliga que controla a Med-1, um processo que trabalha em parceria com o receptor de andrógeno para impulsionar o crescimento do câncer de próstata. Pesquisadores mostram que desligar o interruptor leva à morte de células cancerígenas em ratos. A revista científica Cancer Discovery publicou a descoberta neste mês.
A terapia de privação androgênica é uma abordagem padrão para o tratamento do câncer de próstata, mas ao longo do tratamento a maioria dos pacientes acabará se tornando resistente à terapia, permitindo que o câncer cresça e se espalhe. Isso é chamado de câncer de próstata metastático resistente à castração (CRPC). Existem dois medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration dos EUA para esses casos, mas os pacientes têm pouco ou nenhum benefício de sobrevivência a longo prazo com essas terapias.
Como o receptor de andrógeno (AR) continua sendo o principal fator de crescimento do câncer no CRPC, a retirada de sua função ainda é crítica. Dada a resistência da doença às terapias que tentam combater o AR diretamente, é necessária uma nova abordagem. Embora esses tipos de câncer não tenham mutações adicionais ou outra superexpressão genética, a equipe da Universidade da Pensilvânis ainda foi capaz de identificar um novo alvo graças a uma abordagem que os pesquisadores chamaram de “co-piloto do AR”.
“Sabemos que o AR não funciona sozinho; que precisa da Med-1 como parceira”, disse o autor sênior do estudo, Irfan A. Asangani, PhD, professor assistente de Biologia do Câncer na Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia. . “Nosso estudo encontrou uma maneira de bloquear a Med-1, deixando o AR sem seu co-piloto, o que significa que o câncer não pode crescer e as células acabam morrendo”.
O uso de um inibidor para desativar a CDK7 levou à morte de células CRPC tanto no ambiente de laboratório quanto em modelos animais. Os pesquisadores também observaram efeitos fora do alvo muito limitados dessa abordagem, uma vez que as células saudáveis possuem redundâncias para lidar com a perda da Med-1, o que significa que apenas as células cancerígenas acabam morrendo.
“Nossa teoria é que essas células cancerígenas são viciadas em Med-1 e AR, mas outras células não, então estamos basicamente eliminando-as do vício”, disse Asangani.
Os inibidores de CDK7 já estão sendo testados na fase I de ensaios clínicos para outros tipos de câncer – incluindo leucemia, câncer de pulmão, glioblastoma e câncer de mama, mas Asangani disse que este estudo mostra a justificativa para testá-los no CRPC.
Reyaz ur Rasool, Ramakrishnan Natesan e Qu Deng são co-primeiros autores do estudo. Outros autores da Universidade da Pensilvânia incluem Shweta Aras, Priti Lal, Samuel Sander Effron, Erick Mitchell-Velasquez, Jessica M. Posimo, Lauren E. Schwartz, Daniel J. Lee e Donita C. Brady.
Fonte: cpco-es.com.br