O ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato republicano, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode entrar em contato com ele “quando quiser”. A declaração foi dada após questionamento sobre a possibilidade de diálogo entre os dois líderes, em meio à recente imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
“Ele pode falar comigo quando quiser”, disse Trump à repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo.
Tensão diplomática e tarifas comerciais
A declaração ocorre dias após Trump assinar uma ordem executiva que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, que passa a valer no dia 6 de agosto, foi justificada pela Casa Branca como uma resposta a supostas práticas do governo brasileiro que prejudicariam empresas dos EUA e ameaçariam interesses estratégicos americanos.
Segundo o governo dos EUA, essas ações envolvem decisões judiciais que forçaram empresas a entregar dados de usuários, censurar conteúdo e modificar políticas de moderação de redes sociais.
“As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, disse Trump, sem entrar em detalhes. Apesar das críticas, ele afirmou que “ama o povo do Brasil” e concluiu: “Vamos ver o que acontece”.
Reação brasileira e dificuldades de diálogo
Fontes do Itamaraty viram na fala de Trump um gesto diplomático, embora ponderem que uma ligação entre Lula e o ex-presidente exigiria “muita preparação”. Internamente, o Planalto admite dificuldades para estabelecer contato direto com a Casa Branca e avalia que os canais diplomáticos com o núcleo político de Trump estão, no momento, fechados.
Durante a semana, o presidente Lula afirmou ao jornal The New York Times que nenhum representante do governo americano demonstrou disposição para dialogar sobre o tarifaço. Segundo ele, ministros brasileiros de diversas áreas tentaram contato com seus equivalentes nos EUA, sem sucesso.
“Até agora, não foi possível [conversar]”, disse Lula.
Sanções contra Alexandre de Moraes agravam cenário
No mesmo dia em que a ordem executiva do tarifaço foi assinada, os EUA sancionaram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky — legislação americana usada para punir violações de direitos humanos.
Com a sanção, todos os eventuais bens de Moraes nos EUA estão bloqueados, e ele fica proibido de realizar transações com cidadãos e empresas americanas, incluindo o uso de cartões de crédito de bandeiras americanas.
A medida elevou ainda mais a tensão diplomática entre os dois países e complica o ambiente para uma eventual retomada de diálogo de alto nível.