Nesta sexta-feira (20) a Anvisa enquadrou a cloroquina como medicamento de controle especial, alegando que não há comprovação sobre o benefício da substância no tratamento do novo vírus. A substância é usada para malária e pode causar insuficiência cardíaca, comportamento suicida e até cegueira.
A rede de saúde particular Prevent Senior, que atende, preferencialmente, idosos, anunciou nesta sexta-feira (20) que começou a utilizar de forma experimental os medicamentos cloroquina e azitromicina para o tratamento de pacientes com coronavírus em estado grave.
Segundo a empresa, os medicamentos serão usados de forma experimental apenas em pacientes com o quadro confirmado de Covid-19 e com autorização das famílias.
“Nós compramos uma quantidade suficiente de medicações para tratar todos os nossos pacientes que precisarem. Ele está sendo feito apenas com paciente que tiverem em estado crítico e cujos familiares nos derem consentimento”, declarou a gerente médica da Prevent Senior, Claudia Lopes.
A cloroquina ou hidroxicloroquina – nome genérico do produto – é um remédio usado para o tratamento da malária desde a década de 1930. Ela também foi usada no tratamento de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. O uso incorreto pode causar insuficiência cardíaca, comportamento suicida e até cegueira.
“Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para o uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação. Ressaltamos que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”, disse a nota Anvisa.
Ao tornar a cloroquina um medicamento de controle especial, a Anvisa também justifica que a medicação também muitos efeitos colaterais.
O infectologista Esper Kallas afirma que o uso do medicamento sem efeito comprovado pode causar dano maior para o paciente que a própria doença.
“Qual o problema da gente começar a usar aleatoriamente? A gente não sabe se isso vai dar certo. A gente tem que esperar os estudos rigorosos darem essa resposta. Do contrário, a gente só vai colecionar efeitos colaterais. Esse uso aleatório pode causar um dano no final maior do que a própria doença”, argumenta Kallas.