Ter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é um sonho para muitas pessoas e, nem sempre, passar pelo processo das provas, teórica e prática, é fácil. É neste momento que estelionatários podem se aproveitar e aplicar golpes, oferecendo facilidades para obter o documento, com a promessa de pular etapas do processo ou até mesmo com a venda de uma habilitação falsa.
Os anúncios são feitos por meio das redes sociais e também em conversas por aplicativos de mensagem instantânea, como o WhatsApp.
No início deste mês, em Linhares, pessoas que tentaram burlar o processo legal para tirar a CNH, caíram na armadilha. Na cidade, uma mulher foi vítima do golpe e contou que o suspeito se passou por um funcionário do Detran da cidade do Rio de Janeiro. O criminoso ofereceu a emissão da CNH pulando algumas etapas do processo exigido por lei.
Após a troca de mensagens, eles pediram que ela fizesse um pagamento de
R$ 500,00 para que a CNH fosse emitida. Após a entrega do dinheiro, os golpistas desfizeram o contato, o documento não foi entregue e eles desapareceram.
No Estado não há números consolidados sobre este tipo de golpe porque as vítimas não procuram a polícia. O titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), Brenno Andrade alertou que, para casos como a compra de documentos falsos, tanto a vítima como o golpista responderão pelo ato.
“Nessas vendas a pessoa não tem garantia nenhuma que receberá o documento legal. A gente não recomenda e, um crime não exclui o outro”, avisou o delegado.
Ele explicou também que caso alguém, sem procurar o serviço, receba a oferta para adquirir o documento, deve registrar um boletim de ocorrência, online ou presencialmente.
“Ao receber a mensagem, ela não deve clicar em nenhum link e, imediatamente, registrar o boletim de ocorrência, com os prints da conversa, número do contato, e uma possível conta de depósito”, disse.
Para além do golpe financeiro, Brenno alertou sobre os dados pessoais, que podem ser usados para a criação de contas digitais, compra de chips telefônicos, no nome da vítima, para aplicação de outros golpes e até mesmo contratações de empréstimos.
Pagamentos pelo WhatsApp
O delegado destacou que o WhatsApp não armazena dados, já que ele tem, segundo a política da empresa, segurança de criptografia. Isso garante que as informações fiquem somente entre o emissor e o receptor da mensagem.
O aplicativo atualizou para alguns usuários a possibilidade de enviar e receber pagamentos.
“Sabemos que ocorrências existirão por descuido da pessoa, mas neste primeiro momento, como foi informado pela empresa, as transações financeiras não apresentam perigo”, defendeu ele.
Ao enviar fotos de documentos e cartões bancários a recomendação é apagar, pois em caso de assalto ou furto, o criminoso pode ter acesso às informações do aparelho celular.
Desconfie dos valores
Brenno reforçou que outra recomendação é desconfiar sempre e não passar informações para números desconhecidos e ofertas que são muito vantajosas. E, em caso de dúvidas, procurar os canais oficiais.
O Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) emite, anualmente, uma média de 300 mil documentos. O valor de emissão varia de acordo com o serviço solicitado, conforme abaixo:
• Primeira habilitação 1 categoria: R$ 601,57 (exame médico, psicológico e taxa de serviço);
• Primeira habilitação 2 categorias: R$ 700,01 (exame médico, psicológico e taxa de serviço);
• Renovação de CNH simples: R$ 298,96 (exame médico e taxa de serviço);
• Renovação de CNH condutor profissional: R$ 411,98 (exame médico, psicológico e taxa de serviço, podendo ainda ter que acrescentar o exame toxicológico, a depender da categoria).
Mais de 6 mil pessoas foram vítimas só em 2021
Somente nos primeiros meses de 2021, no Espírito Santo, 6.340 pessoas registraram boletins de ocorrências, relatando crimes de estelionato e fraude. E a maior parte desses crimes são cometidos pela internet, os chamados crimes cibernéticos.
O número deste ano é quase o dobro do registrado em todo o ano passado, quando a Polícia Civil recebeu 3.659 denúncias desse tipo. Já em 2019, foram 2.894.