Informação, atribuída ao Ministério da Saúde, foi divulgada no final da tarde desta segunda-feira (9) pelo governador Renato Casagrande.
O Espírito Santo tem sete casos confirmados da variante delta do coronavírus.
A informação, atribuída ao Ministério da Saúde, foi divulgada no final da tarde desta segunda-feira (9) pelo governador Renato Casagrande (PSB).
Até então, nenhum caso da variante havida sido registrado no estado.
“O MS [Ministério da Saúde] confirmou o registro de 7 casos da variante Delta no ES. Reforço a necessidade de mantermos os cuidados e os protocolos de prevenção, sobretudo, vacinar-se na primeira oportunidade com a D1 e a D2. Diante de qualquer sintoma, mesmo vacinado, procure um ponto de testagem”, disse o governador em uma rede social.
Até o momento, os casos confirmados da variante não têm relação com nenhum óbito, de acordo com o secretário estadual de Saude, Nésio Fernandes.
“Até o presente momento, os sete casos não estão relacionados a nenhum óbito. No entanto, já temos quase 12 mil óbitos pelas demais variantes que já estão circulando no Espírito Santo. Nós queremos destacar que se trata da mesma doença, uma variante mais transmissível mas que encontra no Espírito Santo um avanço importante da vacinação”, apontou em um vídeo encaminhado via assessoria.
O estado registra 11.993 mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa). Até o momento, mais de 3 milhões de doses de vacinas contra a doença foram aplicadas no estado.
O que é a variante delta?
A variante delta do coronavírus, chamada de B.1.617, foi registrada pela primeira vez na Índia em outubro do ano passado. Com a explosão de casos na Índia e sua disseminação no Reino Unido, ela passou a preocupar o mundo. Isso ocorreu, segundo os infectologistas, porque provavelmente a variante se tornou mais transmissível após mutações sofridas desde a sua descoberta.
Essa cepa apresenta uma modificação na proteína que fica na superfície do vírus, responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.
Uma variante é resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação. Um único vírus pode ter inúmeras variantes. Quanto mais o vírus circula – é transmitido de uma pessoa para outra –, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações no seu material genético.
Dúvidas sobre a delta
1. É possível distinguir uma gripe de infecção pela variante delta apenas pelos sintomas?
Não. De acordo com Rajib Dasgupta, chefe do centro de medicina social da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Delhi, não é possível distinguir a delta das demais variantes da Covid-19 (alfa, beta e gama) ou mesmo de uma gripe comum apenas pelos sintomas.
“A delta não tem sintomas distintos e poderia ser relacionada a qualquer outra variante da Covid porque todas as infecções causadas pela Covid começam como uma doença viral leve”, explicou Dasgupta.
2. Quais sintomas são comuns tanto em casos de gripe como de infecção pela variante delta do coronavírus?
David Straim, consultor do sistema de saúde britânico (NHS) e pesquisador da faculdade de medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, explica que tanto a gripe quanto a fase inicial de infecção pela variante delta podem estar associadas aos seguintes sintomas: dor de cabeça, mal estar, coriza, dor de garganta e febre.
3. Os sintomas da delta se manifestam da mesma forma em todas as faixas etárias?
Não. Segundo especialistas, alguns dos sintomas que se tornaram característicos da Covid-19 não são tão frequentes na variante delta, principalmente entre a população mais jovem, como crianças, adolescentes e jovens adultos.
“Os adultos mais velhos ainda apresentam os mesmos sintomas, no entanto, as crianças não apresentam sintomas tão graves e podem apresentar outros sintomas como diarreia, coriza, febre e mal-estar. A mesma doença pode causar sintomas diferentes em grupos de distintas idades”, afirmou Straim.
4. Como saber se estou contaminado pela delta ou com gripe?
De acordo com os especialistas, a única maneira de ter a confirmação do diagnóstico é por meio de um teste PCR, que tem por objetivo identificar o material genético do vírus no corpo humano.
“A única maneira de sabermos com certeza se você tem Covid ou não é fazendo um teste PCR”, afirmou Straim.
Para a realização desse exame, um profissional coleta material da garganta e do nariz do paciente através de um swab – instrumento parecido com um cotonete – que, em seguida, é encaminhado a um laboratório de análises.
5. O que devo fazer caso sinta algum dos sintomas?
“Se você apresentar algum dos sintomas, deve fazer um teste de Covid. Se o resultado for positivo, você deve, obviamente, manter o isolamento social e informar todas as pessoas com quem manteve contato na última semana do seu diagnóstico para que elas fiquem em alerta”, explicou Straim.
Ainda segundo Straim, é possível que nem todas as pessoas com os sintomas listados estejam contaminadas com a delta, ainda mais considerando que no inverno muitos desses sintomas não comuns. Entretanto, é necessário realizar a testagem para controlar a disseminação da variante, que possui um potencial de contaminação muito maior ao das demais cepas e tem potencial para provocar uma nova crise.
Caso o indivíduo realize o teste e dê negativo, ele pode continuar com seus hábitos normalmente – desde que respeitando as recomendações sanitárias para impedir a disseminação o vírus.
6. A delta é mais transmissível do que as outras variantes da Covid-19?
Sim. A dificuldade em identificar a doença pelos seus sintomas característicos aumenta as chances de transmissão do vírus, principalmente no caso da delta que, assim como as outras variantes de preocupação (alfa, beta e gama), é mais transmissível do que a cepa original.
“A variante delta é muito mais transmissível do que as outras variantes e há estimativas que apontam que ela seja cerca de 30 a 50% mais transmissível do que a cepa original”, afirmou Dasgupta.
Em um artigo publicado na revista científica Eurosurveillance, pesquisadores ligados à Organização Mundial de Saúde (OMS) e ao Imperial College London apontaram que a delta foi a variante que teve o maior aumento na taxa de reprodução em relação ao coronavírus original.
Isso significa que, enquanto cada pessoa contaminada pela cepa original transmitia o vírus da Covid-19 para cerca de 2,6 pessoas ao seu redor, cada pessoa infectada pela delta pode transmitir o vírus para cerca de oito novos indivíduos.
7. Mesmo pessoas vacinadas podem ser contaminadas com a delta?
Sim. De acordo com os especialistas, a delta também é capaz de infectar pessoas que foram totalmente vacinadas, ou seja, que tomaram as duas doses da vacina.
“Aqueles imunizados com duas doses de vacina permanecem vulneráveis à infecção pela variante delta, mas a taxa de mortalidade após a imunização completa permanece baixa”, afirmou Dasgupta.
Isso acontece porque a vacina não impede que a pessoa venha a contrair o vírus. O que as vacinas fazem é preparar o sistema imune para que, quando em contato com o agente infeccioso, a doença encontre resistência, reduzindo às chances de evoluir para casos graves ou mesmo levar à morte.
8. Qual a taxa de eficácia das vacinas contra a delta?
Um estudo reforça a importância de receber a segunda dose da vacina contra a Covid-19. A pesquisa, assinada por pesquisadores do sistema de saúde do Reino Unido, da Universidade de Oxford e do Imperial College London, aponta que a eficácia da primeira dose das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca é de 30,7% contra a variante delta — com uma variação de 25,2% a 35,7%.
Ao completar o ciclo das duas doses, de acordo com a pesquisa, as taxas dos dois imunizantes duplicam e, em alguns casos, quase triplicam contra a delta. No caso da AstraZeneca, a eficácia chega a 67%, com resultados entre 61,3% a 71,8%. No caso da Pfizer, o mesmo índice chega a 88%, com variação entre 85,3% a 90,1%.