Comprovante de vacinação contra a Covid-19 no município do Rio de Janeiro com a vacina da Pfizer.

O governo federal anunciou a suspensão da exigência de comprovante de vacina contra a covid-19 para viajantes que chegarem ao Brasil por via aérea. A decisão, segundo o portal G1, se dá pelo “ataque hacker” sofrido pelo ConecteSUS, na madrugada desta sexta-feira (10).

A medida de controle das fronteiras, do qual o governo Bolsonaro é contrário, começaria a valer amanhã (11). Porém, coincidentemente, o ataque hacker derrubou apenas o sistema que afeta a conferência do comprovante de vacinação de brasileiros e vacinados no Brasil.

Ainda de acordo com a reportagem, os problemas de acesso ao sistema não impediriam que estrangeiros apresentassem comprovante de vacina, pois o ConecteSUS só possui os dados dos brasileiros. Além disso, aqueles que se vacinaram no Brasil possuem o comprovante físico da imunização.

Site e aplicativo hackeados

Durante a madrugada de hoje, o site do Ministério da Saúde e o aplicativo ConecteSUS sofreram um ataque cibernético e, até a publicação desta matéria, estavam fora do ar. No endereço, uma mensagem afirmava que os “dados internos dos sistemas foram copiados e excluídos”. O ataque foi assumido pelo Lapsus$ Group.

Uma análise preliminar da Polícia Federal, publicada na Folha de S.Paulo, constatou que não houve sequestro de dados do Ministério da Saúde no ataque. A hipótese principal das autoridades é a de que a ação criminosa foi motivada por ativismo político na internet, o chamado hacktivismo.

Os “invasores” escreveram ainda que o portal sofreu um ransomware – termo usado quando se restringe o acesso ao sistema infectado com uma espécie de bloqueio e cobra um resgate em criptomoedas para que o acesso possa ser restabelecido.

‘Coincidência’

Mais cedo, o divulgador científico Atila Iamarino chamou a atenção para o ataque de hackers ser direcionado justamente ao sistema que armazena o comprovante da vacina contra covid-19. “Vandalizam os dados do ConecteSUS de pessoas com visibilidade para atacar justamente a certidão de vacinação. Agora, no meio do atrito de Ministério da Saúde, Anvisa e São Paulo sobre a cobrança de passaporte vacinal, o sistema é atacado e sai do ar”, tuitou.

Personalidades políticas e outros pesquisadores também comentaram sobre a “coincidência” do ataque. A biomédica e coordenadora da Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra, ironizou o anúncio do governo federal. “Poxa! Olha que loucura: assim que se anunciou essas medidas, e após rolar uma grande discussão sobre o fato de elas serem insuficientes, retomando a necessidade do comprovante de vacinação, isso acontece! Que infeliz coincidência”, escreveu ela.

A deputada federal Natália Bonavides (Psol-RN) diz acreditar que a ação pode ter sido fruto de um ataque interno. “Na semana em que Bolsonaro faz campanha contra o passaporte da vacina, um suposto hacker ataca o site do SUS e tira do ar o app que garante o certificado de vacinação. Aconteceu o mesmo na época do Tratecov. Esses ataques são tão suspeitos como Bolsonaro e seu governo”, afirmou.