Internautas foram ao perfil do ator americano Leonardo DiCaprio no Instagram cobrar explicações sobre as queimadas na Amazônia. As retaliações ocorrem após a live semanal do presidente Jair Bolsonaro, na quinta-feira 28, na qual ele afirmou que o ator está “colaborando com as queimadas” no território brasileiro, já que doou 500 mil dólares para a organização não-governamental World Wildlife Fund (WWF).

“Uma ONG [WWF] ali pagou 70 mil reais por uma foto fabricada de queimada. O que é mais fácil? ‘Toca’ fogo no mato. Tira foto, filma, manda para a ONG, a ONG divulga, entra em contato com o Leonardo DiCaprio e o Leonardo DiCaprio doa 500 mil dólares para essa ONG”, afirmou Bolsonaro. Ele ainda citou as prisões dos brigadistas em Alter do Chão, no Pará, para endossar a crítica.

Após a declaração, internautas começaram a comentar na última postagem do Instagram de DiCaprio, que fala sobre meio ambiente. Alguns usuários comentaram três emojis: um saco de dinheiro, uma fogueira e a bandeira do Brasil — referindo-se a afirmação de Bolsonaro.

“E aí meu caro, não vi postagens sua falando da ONG que tem no Brasil, que está envolvida em um crime ambiental, eles tocaram fogo na Amazônia e venderam as fotos do incêndio! Que tal falarmos sobre?”, comentou um internauta, em português, para o ator.

O suposto envolvimento da WWF foi revelado pelo delegado José Humberto Melo Jr, que estava à frente das prisões dos brigadistas no Pará. Ele afirmou que membros de três ONGs locais venderam 40 imagens para a WWF para uso exclusivo por 70 mil reais, e a organização internacional conseguiu doações como a do ator -americano, no valor de 500 mil dólares.

A WWF desmentiu o delegado e afirmou que “repudia as mentiras envolvendo o seu nome, como a série de ataques em redes digitais com base em mentiras, como a compra de fotos vinculadas a uma doação do ator Leonardo DiCaprio”. Na última quinta-feira, 28, o governador do Pará Helder Barabalho (MDB) determinou a troca da chefia da investigação sobre o caso dos brigadistas. Na quinta-feira, os brigadistas foram soltos pelo mesmo juiz que havia mandado prendê-los. O Ministério Público Federal não acredita que os brigadistas sejam culpados pelos incêndios – para os procuradores, os suspeitos são grileiros.