O ano era 2020 e o eleitor mimosense tinha variadas opções para promover uma legítima renovação política. Nenhum dos candidatos tinham passado pela cadeira do executivo. Peter, Airton, Vaval, Rodrigo e Klisthian.

Airton vinha de uma derrota difícil de engolir em 2016. Perdeu para Giló por uma diferença de 228 votos. Os analistas políticos de boteco afirmam que se tivesse aceitado a composição com a então prefeita e candidata a reeleição Flávia Cysne, teria sido prefeito. Vai saber!

Em 2020 a história era outra. Inocência imaginar que um processo eleitoral se repete. Tudo muda, e na política muda mais rápido ainda. Nos bastidores, se é que existem bastidores em política, esperavam a confirmação de uma chapa imbatível. Airton e Julinho! “Quero ver quem ganha desta dupla!”. A chapa era teoricamente forte mesmo. Vistosa, cristalina, mas quando o jogo começou faltava algo. Até hoje não sei dizer o que, mas faltava.

Julinho, um nome disputadíssimo no ambiente político, não se adaptou bem. Cansou, se desgastou fisicamente, perdeu a energia muito antes da reta final, e deixou a certeza da vitória parecer soberba, mesmo sendo uma pessoa sensacional. A turma da câmara costuma dizer que as bravatas do vice de Airton na eleição de 2020 foram o combustível para o trabalho deles em prol do atual prefeito.

Airton não fez nada de diferente do que já havia feito, ou não feito na eleição de 2016. Não é o mais dedicado dos candidatos, gasta pouco sapato, é mais digital, e apesar de ter origem simples, não tem muita conexão com a base eleitoral mais pobre. Era o nome do novo na primeira candidatura, mas na última dividia este espaço com todos os candidatos, e um era ainda mais jovem que ele.

Peter, um “meninão”, vereador mais votado da história, atuação de oposição em dupla com o seu vice na chapa, não perdia uma bola no alto. Óbvio, a intenção já estava ali. Deitou e rolou e no final ainda conseguiu o apoio discreto daquele que tanto apanhou. Ahhh a política! O cara chegava bem, se era mais velho ou mais velha era “tio” e “tia”, se jovem como ele, “irmão”, e entre um churrasco e outro a fama de gente boa e “cara do povo” ia colando. E o eleitor quer mais que isto?

Colocar o nome a disposição para um processo eleitoral em uma cidade que respira política em tempo integral não é fácil. Tudo percorre o caminho da vida pessoal, das agressões, indiretas, e agora com a predominância das redes “sociais” isto fica muito pior. Dr. Rodrigo, Vaval e Klisthian tiveram importância na disputa. Klisthian apresentava uma campanha firme, de oposição a praticamente tudo, falava fácil e apontava os pontos fracos dos seus opositores com facilidade. Rodrigo se preparou muito! Reunia a equipe meses antes do processo eleitoral, debateu minunciosamente suas propostas, sabia o que queria, mas também não cuidou da parte política. Não dá pra ser candidato apenas nos meses eleitorais. Com pouca capilaridade, encontrou um bom vice e ainda fez uma campanha digna. Vaval, em meio ao turbilhão nacional, na luta entre Lulistas e Bolsonaristas, com uma campanha absolutamente simples, ainda conseguiu abocanhar o terceiro lugar.

Bom, refrescamos a memória certo? Agora vamos em frente.

Três anos se passaram, não temos a confirmação de nenhuma candidatura ainda, mas o trelelê não para “né”. Nem Sarte, que teve 992 votos para vereador já confirmou que não volta para a câmara. E aí, o que isso quer dizer? Tá buscando vaga de vice ou quer sentar no lugar do Peter? Trabalhar ele trabalha. O telefone toca o dia todo!

O grupo da família Resende saiu forte do último processo eleitoral. Bruno se elegeu bem, com votação gigante em Mimoso e mesmo com pouquíssimo tempo de mandato já deu o tom da sua atuação. Vai cumprir um brilhante papel na Ales e sem dúvidas será importante para a terrinha. E aí, Airton (mais uma vez) e Cassiano com as bênçãos do jovem deputado? Zé Carlos de volta alguns anos depois?

Outro assunto que roda os cantos da cidade é o retorno de Giló. Dizem que o sangue da política não sai das suas veias. Ultimamente tem aparecido em todos os eventos da região. Quando perguntado sobre 2024 ele sorri e sempre diz “porque não?”.

Flávia parece que desistiu. Mudou para Guarapari, publicou até um texto em tom de tristeza ou reflexão, mas não seria surpresa se voltasse.

Peter não abre mão de Paulinho. Paulinho não abre mão de ser vice, o grupo forte dos vereadores pode querer outra coisa. Peter abre mão deles ou de Paulinho? Ou ficam todos? E se Peter nem candidato for? Confuso “né”?

Os envolvidos diretamente falam que falta muito ainda, mas por dentro não pensam em outra coisa. O poder vicia e não adianta negar. Todos que sentaram na cadeira da decisão até hoje quiseram voltar. Você volta pra um lugar que achou péssimo? Só obrigado!

Precisamos sair um pouco do campo eleitoral e destacar a falta de avanços em Mimoso. Não é possível, será que um culto ecumênico não resolveria? Convocar padres, pastores, palestrantes de diversas frentes religiosas….A cidade está triste! E não é de hoje. Não é o Peter, nem o Giló, muito menos a Flávia…talvez uma sequência de mandatos com mais pontos negativos que positivos. É difícil de diagnosticar, mas comparar não é. Basta rodar pelo interior do Espírito Santo.

Agora rapidamente precisamos falar do que enche de orgulho. E o terceiro setor em Mimoso do Sul dá aula! Hospital Apóstolo Pedro, Pestalozzi e Reviver são referência no ES. O CER II então, se você não conhece, deveria conhecer! O trabalho social que a Casa Reviver também promove é sensacional. O Hospital é a instituição mais sensível, não é nada fácil cuidar de um negócio que fica aberto 24 horas por dia, todos os dias do ano. E ainda assim, basta passear por todas as cidades pequenas do estado e constatará que o HAP é um dos melhores hospitais de pequeno/médio porte do Espírito Santo. Os avanços dessas instituições se dão também pela participação política, que é grande aliada no dia a dia desafiador. Ponto para eles aqui!

Voltando. Mimoso era a cidade onde as pessoas vinham passear, passar o carnaval, ahhhh o carnaval de Mimoso! Devem ter uns 8 anos que não rola aquele carnaval tradicional na cidade, matinê para as crianças no Municipal, ixi o Municipal. Destruíram ele para reformar, cadê a reforma? Escutava muito isto dos mais antigos, mas a cada dia parece fazer mais sentido, “a cidade está se acabando!”.

Não existe um calendário cultural, até os promotores de eventos particulares sumiram! Quantos bailes já curtimos na AABB. Cadê? O comércio vive disto, as pessoas gostam de planejar o próximo fim de semana. As mulheres se aprontam, fazem o cabelo, marcam com as amigas. A cidade precisa VIVER! Alguém precisa dar um choque e fazer Mimoso voltar a pulsar. Não sei se isto depende do setor público, mas algo precisa ser feito, e é urgente.

Roberto Velasco
CEO do Grupo MV
Publicitário / Gestor Público / Especialista em Marketing Político / Especialista em Comunicação Pública